A Filarmónica do Crato realizou mais um Encontro de Bandas anual a 27 de maio de 2017, sábado, o que já vem realizando desde meados dos anos oitenta, ou seja, há 30 anos a esta parte. E já foram umas dezenas de bandas e centenas de músicos que passaram pela capital da Ordem de Malta.
A manhã ameaçava alguma chuva, mas tal não veio a acontecer. E o Crato tinha vários eventos, para além das Bandas, que juntaram cerca de 170 pessoas, havia uma Caminhada organizada pela Caixa de Crédito Agrícola Mútuo cuja receita das inscrições revertia para as instituições de solidariedade social e estavam mobilizadas cerca de 600 pessoas; além disso, um torneio da malha também trazia umas dezenas de pessoas à vila. E a verdade é que o Encontro de Bandas iniciava-se com os cumprimentos das três Bandas no jardim Municipal quando os caminheiros terminavam a sua jornada. Juntando-se o útil ao agradável, os caminheiros tiveram direito a boa música e as Bandas foram aplaudidas por uma multidão, que não regateou aplausos. Se tivesse sido combinado não teria corrido tão bem.
Por volta do meio-dia a Filarmónica do Crato e as suas convidadas, Banda de Música da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro de Castro Verde e Banda de Música da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense (Azeitão) – SFPA, dirigiram-se à Praça do Município para cumprimentar a Câmara. O Presidente Correia da Luz aguardava no exterior e deu as boas vindas a todos à sua boa maneira tendo ganho, de imediato, a simpatia dos vindoiros. Diga-se que todos ficaram impressionados com a bela acústica da Praça, a qual merece mais eventos com Bandas.
Em seguida, as bandas foram a Flor da Rosa tendo desfilado até ao Mosteiro, local emblemático, que deixou todos surpreendidos e agradados com a apresentação sempre profissional e romântica da sua zeladora, Alexandrina Capão. Posteriormente, o convívio continuou com o almoço, servido no Restaurante “Prior do Crato”.
Findo o almoço, as três bandas desfilaram até ao Auditório José Joaquim Lopes, da Filarmónica do Crato, onde os aguardava algum público embora o Crato e a sua Banda, e em especial as suas duas convidadas, merecessem mais gente nos concertos. Será que este tipo de espetáculos não é de qualidade? Claro que sim, isso nem se deve por em dúvida. O problema é que as pessoas não estão para nada…E a verdade é que perderam três belos concertos, ao nível dos últimos anos, quiçá, este ano ainda com maior qualidade. Desde logo, a congénere alentejana, de Castro Verde, quase centenária, muito bem dirigida, com bom reportório e muito homogéneo, repleta de gente jovem e bem preparada, deu um concerto de enormíssima qualidade. Curiosamente, o maestro, Ricardo Carvalho, é natural de Azeitão. A Banda Azeitonense, centenária (1882), foi a que trouxe mais elementos (50 em palco) e mostrou-sei bastante competente, com imensos bons executantes, mais experientes, os quais desempenharam os vários solos a rigor. O seu maestro, Carlos Medinas, um dos muitos músicos militares oriundos de Reguengos de Monsaraz, de uma simpatia extrema, homenageou publicamente Carlos Alberto Girão, seu anterior colega na Banda da GNR e várias Orquestras, digníssimo cratense que dá o seu melhor pela Banda que o viu nascer, a Filarmónica do Crato, que muito melhorou desde que este “monstro sagrado” da música veio viver para a sua terra há cerca de uma ano. Esta Banda viria a fazer uma surpresa/homenagem a mais um elemento da Filarmónica do Crato, o músico Miguel Baptista, que foi brindado por uma marcha que Francisco Bruno (de Castelo de Vide, que se radicou no Crato durante alguns anos e de onde saiu há 6 anos para Almeirim), também nos quadros da banda azeitonense, lhe dedicou há uns anos atrás, de seu nome “Compadre Miguel”. A marcha é muito bonita e foi interpretada com bastante qualidade. Nem o homenageado conhecia bem a “sua” marcha! Por fim, a Banda da casa, que atuou com 40 elementos, reforçada por Francisco Bruno e o maestro da Banda de Sesimbra (que veio com a congénere de Azeitão, mas quis tocar com os colegas cratenses), João José Costa e António Borrego, ambos cratenses, que irão acompanhar a sua Banda aos Açores, de 10 a 17 de julho próximo. O concerto da Filarmónica do Crato deu continuidade às duas belas atuações que a antecederam. Houve ainda espaço para as trocas de prendas e discursos por parte do Presidente da banda anfitriã, Filipe Lopes, e dos presidentes da União de Freguesias e da Câmara Municipal do Crato, que voltou a apelar a que os mais velhos venham aprender música e que tragam os filhos e os netos visto a música ser uma atividade muito completa.
O Encontro de Bandas viria a terminar novamente no restaurante da Piscina Municipal do Crato onde o convívio continuou e se aprofundou entre as três bandas. Infelizmente, desta vez, o serviço de restauração não foi o melhor, nem em qualidade e quantidade bem como no serviço. Uma má nota para o Crato, que ensombrou um excelente convívio e que desbotou a boa cotação que a Filarmónica do Crato detinha como anfitriã no panorama nacional deste tipo de certames. A palavra final vai para o município do Crato, em especial para o seu Presidente, que está de partida para outro município, que sempre apoiou e engrandeceu este Encontro de Bandas. Sem o enorme apoio do município a Filarmónica do Crato tinha de fazer um encontro bem mais modesto e de menor qualidade. Para as restantes entidades que apoiaram, um grande “muito obrigado” e um enorme “Bem-hajam!” às duas Bandas convidadas e a todos os seus músicos e diretores. As nossa sinceras desculpas pelo que possa ter corrido mal…
Viva a música filarmónica e a qualidade das Bandas!
Deixar comentário