FILARMÓNICA DO CRATO – ATIVIDADES DO VERÃO 2020

Com o rápido surgimento da pandemia, a Filarmónica do Crato realizou o seu último ensaio a 7 de março (ainda se juntaram alguns elementos no dia 11 mas o ensaio foi suspenso). As saudades foram muitas, mas todos cumpriram o confinamento necessário, alguns aproveitaram para tocar em casa e realizar pequenas gravações. Terminado o confinamento, a Filarmónica do Crato seria a primeira banda do distrito de Portalegre, e, quiçá, do país, a meter mãos à obra e a reiniciar os ensaios a 15 de maio, salvaguardadas todas as distâncias e a respetiva higienização, em estreita articulação com as autoridades competentes. Felizmente, o Auditório José Joaquim da Conceição é amplo e permite uma distância segura entre músicos. E a seguir a nós, seguindo as nossas diretrizes, começaram outras congéneres.

Infelizmente, o concerto idealizado para a segunda-feira de Páscoa não foi realizado e toda uma certa mística que o envolvia caiu por terra. Estava previsto esse concerto ser integrado por cerca de 20 antigos músicos da Banda, residentes no Crato e concelho. A maioria ainda realizou alguns ensaios. Mas a realidade da pandemia, bem mais dura, levou a que alguns não tivessem a coragem de também eles retomarem o projeto, mas é perfeitamente admissível, face ao contexto e a outras razões até mesmo sanitárias. Ainda assim, foram cinco os que mantiveram a sua férrea vontade e muitos deles irão continuar nas fileiras da Banda, o que só por si, é de enorme relevância a todos os níveis. Tudo isto, para dizer que o concerto da Páscoa, todo ele preparado com temas que a Banda tocou nos anos 90 e na primeira década do século XXI, foi reprogramado em estreita colaboração com a Câmara para ocorrer a 29 de agosto, sábado, data do encerramento do Festival do Crato 2020 se o mesmo se viesse a realizar. Este concerto foi englobado na programação cultural que o município estabeleceu para o mês de agosto, um pouco por todo o concelho, apelidada “Cartaz Cultura”.

Mas a atividade na Filarmónica não ficou confinada apenas à preparação deste concerto. Numa primeira instância, também em parceria com o município do Crato, na manhã de 29 de julho de 2020, a Filarmónica do Crato percorreu em arruada, para animar os habitantes de todo o concelho, todas as principais localidades do concelho – Pisão, Crato, Flor da Rosa, Vale do Peso, Gáfete (onde a Junta de Freguesia local, simpaticamente, ofereceu um lanche de elevada qualidade), Monte da Pedra e Aldeia da Mata. E foi muito agradável verificarmos a enorme alegria com que muitas pessoas vieram ver a banda passar, por exemplo, em Gáfete, junto aos cafés, era grande a moldura humana e simpática! O dia de espalhar alegria terminou com um belo almoço convívio no restaurante da Piscina Municipal do Crato, oferta do município e bem merecido pois animar as 7 localidades não foi tarefa fácil e fazia um certo calor ao final da manhã.

Noutro contexto, a convite da União de Freguesias de Crato e Mártires, Flor da Rosa e Vale do Peso, a Filarmónica do Crato abrilhantou a Procissão em honra de Nossa Senhora das Neves, em Flor da Rosa, na tarde de 15 de agosto, sem fiéis, mas com muitos populares à beira das ruas a ver passar a banda e a santa transportada por uma carrinha de caixa aberta. Valeu a excelente abertura dos nossos párocos, neste caso, o Monsenhor Paulo Dias, que já havia realizado cerimónia semelhante aquando das festas de Monte da Pedra, com uma charanga do distrito de Santarém. Nesta festividade diferente, a Filarmónica do Crato, emprestou enorme brilho e qualidade musical à mesma, muito do agrado de todos os presentes. E claro, escusado será dizer que foram salvaguardadas as devidas distâncias, mesmo no transporte até Flora da Rosa.

Por fim, chegado o dia 29 de agosto, num palco de qualidade e com um bom som para o público, a Filarmónica do Crato apresentou-se às 21.30, no recinto preparado com todas as condições de segurança pandémica, no Campo 1º de Maio, com uma surpreendente moldura humana. Felizmente, muitos corajosos residentes e outros tantos cratenses da diáspora, não enjeitaram esforços e enfrentaram o frio e vento que se fazia sentir e que ainda assim, apesar de prejudicar bastante a performance da Banda, não impediu que a mesma se apresentasse com muita qualidade a todo o público. Foi um concerto que, não tendo sido excecional, mereceu boa nota da parte de músicos, maestro, diretores e público em geral. O reportório, bem selecionado pelo maestro Humberto Damas, foi o seguinte: Holliday in Rio, Jesus Cristo Superstar, Hootnany, Mexican Trumpets, Moment for Morricone, Raspuntim, Lagarto, 1º Festival de Bandas da Feira Popular de Lisboa de 1991. Enfim, um concerto místico e mítico, com bastante diversidade, uma autêntica volta ao mundo com temas da Rússia, México, Estados Unidos, Brasil, uma ópera rock, música italiana e portuguesa. E não poderíamos terminar sem referir todos os músicos pelo seu esforço, dedicação, sacrifício por uma causa, desde novos a graúdos e, fundamentalmente os nossos cinco colegas que a nós se juntaram e que provavelmente, todos se irão manter connosco futuramente, dentro das suas possibilidades. E mesmo alguns daqueles que agora não tiveram coragem de tocar ou não o puderam fazer, ainda se virão juntar à causa. Foram eles: Jorge Paixão (tuba), Nuno Vieira (trombone), Teresa Silva (saxofone alto), André Cristóvão (trompete) e Teresa Maurício (clarinete, e que já integrou a banda nas duas atuações referidas). Também tocaram o casal Nuno Antunes e Dora Dias, que todos os anos atuam com a sua Banda por algumas ocasiões embora residam e trabalhem em Lisboa e contámos com a colaboração de amigos que tocam com a nossa Banda e já fazem parte dos nosso quadros, como por exemplo, alguns colegas de Portalegre (Ricardo, Daniela, Leonor, Armindo), o Leonardo de Alegrete e há cerca de nove meses, dois irmãos de Alter, o João e a Carla, assim como o André, de Tolosa e o Carlos, que sendo de Lamego, já tocou várias vezes acompanhando a sua namorada. Uma última nota, vai para a presença do multifacetado músico, Sérgio Godinho, alterense residente em Crato, que é monitor de percussão na Banda, o qual participou no concerto tocando viola acústica, o que emprestou ainda maior qualidade e sonoridade. No total a Banda foi constituída por 45 elementos. É uma pena, tal como foi o concerto de música clássica realizado a 8 de dezembro de 2019 na Igreja Matriz do Crato, estes concertos não serem replicados noutros locais do concelho e não só.

Antes do concerto e após a Banda ter preparado o som com a empresa responsável, foi servido um jantar volante na sede da Banda, oferta do município, o qual serviu para reforço da amizade e companheirismo entre as diferentes gerações de músicos, salvaguardadas as distâncias e regras de higiene sanitária.

Futuramente, a Banda ainda poderá vir a ter uma atuação a 5 de outubro e irá preparar-se para mais um Dia da Padroeira. Porém, existem sérias reservas quanto à realização do concerto anual dessa época festiva. Convenhamos, que a 8 de dezembro não teremos grandes condições climatéricas para atuar ao ar livre…certamente ainda teremos pandemia e talvez mais agravada e a convidar a não nos aglomerarmos num recinto fechado. Veremos! O engenho humano é capaz de tudo e a Direção da Banda em articulação com esta Vereação são capazes de nos surpreender…

Viva a Filarmónica do Crato!