Decorreu de 23 a 26 de agosto mais um Festival do Crato, nome mais vulgar atualmente para a Feira de Artesanato e Gastronomia do Concelho do Crato. A verdade é que a vertente festival tem vindo a eliminar paulatinamente a de feira de artesanato e a da gastronomia local e regional. Mas isso são outros assuntos, que devem ser bem discutidos no sentido de se poder ter festival mas igualmente artesanato e a boa gastronomia alentejana. Os espetáculos foram bons mas notou-se menor adesão no último dia.
No que diz respeito à Filarmónica do Crato, tal como o artesanato e a gastronomia, tem sofrido com a implantação da vertente festival, que melhorou no aspeto da segurança e no maior movimento que a terra tem em alguns espetáculos. Mas também é importante que se mostre o que cada localidade tem de melhor no aspeto cultural, estes certames têm de servir para isso, mas a vertente festival não lhe dá quase espaço para tal. Participar no palco principal começa a ser uma miragem e no palco secundário as solicitações são muitas. Este ano, salvou-se o Coro da Santa Casa da Misericórdia do Crato, que conseguiu atuar no palco nº2. O Rancho Folclórico de Gáfete e a Filarmónica do Crato estiveram na inauguração do certame. O rancho pouco atuou e a Filarmónica terminou a meio da marcha que comemorava a abertura do festival porque todo o público corria para o local da abertura do artesanato. De resto, vimos alguns (bons) grupos do concelho de Portalegre.
A Filarmónica do Crato esteve presente nas 33 edições, porém, em três delas não atuou no interior do certame. A primeira foi no 1º mandato da CDU, precisamente no seu primeiro ano; as outras duas foram neste mandato que agora está a terminar. Compreende-se que o certame está em transformação, mas é possível caberem as associações locais e do concelho e ainda algumas da região. Ainda no ano passado a Filarmónica tocou no palco principal…e o palco nº 2 é suficientemente espaçoso para receber uma banda filarmónica. A Filarmónica do Crato cumpriu o seu papel, aliás como sempre o faz, fazendo aquilo que as autoridades locais solicitam. Este ano nem houve grande contestação, provavelmente porque todos percebem que se encaminham para o fim de um ciclo e esperam para ver se o próximo traz uma nova realidade ou a reposição da normalidade. Ainda assim, houve músicos que não quiseram atuar em protesto por aquilo que consideram ser um desrespeito por uma instituição que já percorreu três séculos. Em abono do município, refira-se que foram oferecidas pulseiras para os elementos da Filarmónica do Crato, no entanto, a forma de entrega das mesmas deixou muito a desejar, apesar do festival ter começado oficialmente a 23, a 21 já se exigiam pulseiras e nem todos os músicos moram no Crato e podem deslocar-se à vila em horário de expediente.
É verdade que o município é o máximo parceiro da Banda e que a patrocina com um razoável apoio mensal e anual e não regateia apoios em transportes e outros, mas é real que a Banda podia ser bem mais aproveitada, tanto neste certame como em eventos pelo concelho durante o ano, desde logo nas festas de verão de todas as freguesias, em concertos pelas várias localidades, etc. O Plano Anual de trabalho da Banda divide-se em preparar o concerto do 8 de dezembro e o da Feira de Artesanato e Gastronomia. Este ano o trabalho voltou a ser feito, mas ficou manco, só se soube do não concerto próximo da data do certame. E a Banda e os seus músicos e maestro realizam anualmente entre 80 a 90 ensaios, muitos deles, na preparação para a maior festa do Crato. Por outro lado, o município também tem de ajudar a filarmónica a angariar mais crianças para a sua escola de música, desde logo voltando a oferecer as aulas de Ensino da Música ao 1º ciclo.
Para quem quiser ouvir e ver a Filarmónica do Crato em concerto, deve estar atento aos dois concertos da Rota dos Coretos que irão ter lugar nas noites de 9 e 16 de setembro, em Crato e Gáfete, respetivamente. O último concerto ainda terá de ser alterado visto que nesse dia a Filarmónica deverá deslocar-se a Fátima à Peregrinação Nacional das Bandas Filarmónicas, mais uma forma de comemorar os 100 anos das Aparições de Nossa Senhora. Também será possível assistir ao Concerto comemorativo do Dia Nacional das Bandas Filarmónicas, dia 1 de setembro, sexta-feira, às 21.30h, no CAEP (Portalegre), com a presença da Filarmónica do Crato, Sociedade Musical Nisense e Banda Euterpe.
Certamente, em 2018, traremos melhores notícias. Há que confiar no próximo ciclo.
MIGUEL BAPTISTA
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