FALECEU ISIDORO AIRES

   O dia 28 de julho de 2016 começou com a notícia inesperada da morte de Isidoro de Jesus Aires, de 83 anos, natural do Crato e que para cá se mudou nos finais dos anos 90 após se ter aposentado depois de ter trabalhado mais de 30 anos em Lisboa nos Registos e Notariado. Nas suas funções, chegou a acompanhar empresários de futebol nas transferências dos jogadores mais famosos do país, caso da mudança de Figo para o Barcelona e outras.

Tratava-se de uma personalidade muito conhecida e querida no Crato. Era jovial, simpático, muito educado, brincalhão, solidário e amante da sua terra, o que o levaria a participar em praticamente todos os órgãos sociais de quase todas as associações do Crato. Desde logo, começaria o novo século como Presidente da Direção da Filarmónica do Crato, onde sucedeu a Miguel Baptista que passaria para maestro (janeiro de 2001). Marcou um tempo apesar de ter cumprido apenas dois mandatos (4 anos). À frente da Banda ajudou a elevar os passeios anuais da banda e as cerimónias de aniversário da mesma, levou a mesma ao Estádio do Restelo à inauguração da nova iluminação do estádio de “Os Belenenses” (2003), clube que tinha uma enorme massa de apoio no Crato no século passado e da qual, o amigo Isidoro era um dos últimos e estimados adeptos do conceituado clube lisboeta. Foi determinante na melhor deslocação da Banda neste século – ida à ilha do Pico (2004) – pois o seu carácter, visão, espírito de iniciativa e de positividade, levou a que fosse possível combater algumas visões mais pessimistas e negativistas que na época diziam que era impossível o Crato e a Filarmónica conseguirem receber 80 pessoas do Pico e ter dinheiro para deslocar a Banda à ilha (orçamento de 5000 euros). Certo é, que com a sua ação, levou-se a cabo tão importante jornada com elevado sucesso. Isidoro Aires deixou a Presidência da Banda a Filipe Lopes no início de 2005 e desde aí ocupou o cargo de Presidente do Conselho Fiscal. E sendo um elemento dos órgãos sociais no ativo, teve honras de acompanhamento da Banda no seu funeral, a 29 de julho, que foi uma enorme homenagem de todo o povo cratense a mais um dos seus, dos melhores, que deu muito de si e do seu tempo pelo engrandecimento e melhoria da sua terra. Não era homem de dizer mal, era pessoa de fazer e não tirar louros daquilo que fazia. Serviu os Bombeiros, o Futebol, a ARPIC, a SOCRA, a Associação dos Amigos do Concelho do Crato, a Santa Casa da Misericórdia e colaborou com o Andebol (Cruz de Malta) e era o sócio “de estimação” nº1 da Associação UCRATE, que muito acarinhava. Nos últimos anos, tornou-se um enormíssimo apoio à Paróquia e aos senhores Padres Paulo e Rui, que muito o choraram e de quem irão sentir enorme falta não só pelo seu trabalho como pela enorme amizade.

Para concluir, Isidoro Aires, pela sua personalidade, tornou-se um homem conhecido de toda a comunidade em pouco tempo. Ou seja, estava definitivamente há 16 ou 17 anos no Crato, mas fez mais e deu mais à sua terra do que muita gente numa vida inteira, que só sabe viver no anonimato, muitas vezes por detrás de um capuz de maledicência.

Infelizmente, o Crato ficou mais pobre e Isidoro Aires foi mais uma vítima que caiu nas redes das bactérias do nosso Hospital Distrital, que muitos já não apelidam dessa forma optando por chamar-lhe Matadouro Distrital. Toda a gente tem consciência de que o seu coração, em especial no Verão, era fraquinho, mas consideramos que não era nem tinha de ser já a sua hora.

À esposa, D. Catarina, os músicos, colegas diretores e maestro, deixam sentidas condolências, certos de que fazia jus ao ditado “Ao lado de um grande Homem, há sempre uma grande mulher”. Foi e é uma enorme companheira e juntos faziam o casal mais bonito do Crato.

Como já muitos vêm dizendo, a comunidade e o associativismo cratense deve homenagear esta figura e, quiçá, o poder político se possa associar com alguma medalha de âmbito municipal.

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(Jantar de Natal da Banda durante a presidência de Isidoro Aires)

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(Jantar da Banda, Isidoro Aires a apreciar um dos seus ícones, João José Neves Costa)

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(Isidoro Aires à frente da Banda numa procissão na Ilha do Pico – 2004)

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(Comitiva cratense no Pico com Isidoro Aires em cima, em pé, á direita)

 

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