A Filarmónica do Crato participou em mais um Festival de Bandas do Alto Alentejo, em Nisa, na tarde de 14 de setembro de 2019, promovido pela Federação de Bandas do Distrito de Portalegre, com apoio da Câmara Municipal de Nisa e da CIMAA, bem como da Sociedade Musical Nisense. O festival integrou-se nas comemorações dos 175 anos da banda local e teve como homenageado o maestro nisense António Maria Charrinho, grande vulto da música e cultura do nosso distrito visto que se trata de um autodidata em áreas como a direção musical, composição, pintura, acordeão, etc., sendo um exímio executante em qualquer instrumento que execute. Todos os elementos ligados ao meio musical filarmónico e não só nutrem um especial carinho e respeito melo maestro Charrinho, em especial os seus executantes de Nisa e muitos da Filarmónica do Crato que com ele têm privado nos últimos anos no projeto “FISENA”.
Participaram no Festival as duas bandas do concelho, a de Nisa e Alpalhão, e as vizinhas de Gavião, Crato e Alter, bem assim como as de Galveias e Sousel, num total de cerca de 270 músicos. O espaço junto ao Posto de Turismo de Nisa encheu para se ver e ouvir o trabalho das nossas bandas, o qual foi do agrado do público, que não regateou elevados aplausos a todas elas. O ponto alto dos festejos foi a entrega de ofertas às bandas por parte do município de Nisa, na pessoa do seu Vice-presidente, José Leandro e pelo Vice-presidente da Confederação Musical Portuguesa, prof. Adelino Domingues, foi também a oferta feita ao homenageado e a leitura do seu rico curriculum, bem como a interpretação de três temas conjuntos, muito do agrado do público, os quais foram executados por todos os músicos misturados por naipes, com grande competência. O primeiro tema ouvido foi a marcha “175 anos da SMN”, da autoria de António Maria Charrinho, que a dirigiu. Em seguida, o jovem compositor da Banda Euterpe, Daniel Silva, dirigiu a sua composição de homenagem ao maestro da casa intitulada “António Maria Charrinho – Marcha de Desfile”. Este jovem tem ligações ao Crato, é filho de José Benvindo, neto do “Meirim” (Hermenegildo) e bisneto do barbeiro Manuel Martins. Por fim, os músicos das sete bandas presentes encerraram a parte oficial como sempre o fazem, com a interpretação do “Hino da Federação das Bandas Filarmónicas do Distrito de Portalegre, composição da autoria do saudoso maestro Sílvio Pleno, fundador da Banda Juvenil do Município de Gavião, dirigida pelo maestro Paulo Pires, Vice- Presidente da Federação de Bandas distrital e maestro da Banda Juvenil do CCD do Município de Gavião, ele que foi o sucessor do citado maestro e compositor poucos anos depois da criação da banda em 1989. Depois, já extra programa, os executantes brindaram o público com diversos temas espontâneos onde é visível a qualidade dos nossos músicos e o entusiasmo como todos interagem numa grande banda/orquestra.
Tem sido um trabalho muito meritório aquele que a Federação de Bandas, os municípios, a CIMAA nos últimos anos e as 14 bandas do distrito desenvolvem há 20 anos, desde que existe a Federação e já o faziam antes através da Região de Turismo de São Mamede. Ou seja, este festival já é um marco cultural do distrito tendo sido realizado em todos os concelhos, mesmo naqueles onde não existe banda em atividade e têm constituído um momento importantíssimo de convívio entre os múltiplos executantes num estreitar de amizades.
Entretanto, seguiu-se o jantar, ali ao lado, no renovado mercado municipal, onde o convívio esteve ao rubro, com muita música e excelente comida, a cargo do conceituado catering de Dinis e Palma de Gáfete. O modelo de festival ao final da tarde, sem deslocações às freguesias, foi do agrado de todas as bandas e não foi fastidioso para o público.
A Filarmónica do Crato apresentou-se com 26 elementos. Infelizmente, os executantes de tuba estavam doentes e não puderam comparecer, o que deixou a banda um pouco mais fragilizada, ainda assim, dignificou. Na sua apresentação individual, interpretou um tema surpresa para o homenageado, recuperado do seu vasto arquivo pelo maestro Humberto Damas, de seu nome “O Cratense”, que terá sido tocado pela nossa banda nos anos 40 do século passado, da autoria do maestro Raúl Morais Franco, que à época, passou pelo Crato, Castelo de Vide e Nisa, onde ensinou António Maria Charrinho ainda bem jovem. No citado arquivo figuram ainda umas Miscelânias do referido compositor, os medleys da época, de elevada qualidade e que a nossa banda tocou mais recentemente, em especial a IIIª Miscelânia Musical.
Uma palavra de grande agradecimento para o município do Crato, que ao longo destes 20 anos de Festivais organizados pela Federação de Bandas e já nos anteriormente da responsabilidade da Região de Turismo, nunca regateou a cedência do autocarro municipal à Filarmónica do Crato, o que tem feito dela, a única que participou em todos os certames.