Após a canonização de D. Nuno Álvares Pereira como S. Nuno de Santa Maria (de Flor da Rosa) em 2009, a comunidade cratense começou a encarar esta efeméride com outra visão e a verdade é que se vai cimentando a realização de uma procissão em sua honra no seu berço, precisamente no lugar do Bom Jardim, em Flor da Rosa.
Basta consultarmos atas do município do Crato do século XIX (décadas de 30 e 40) e aparecem lá, claramente, assuntos alusivos ao lugar do Bom Jardim no mosteiro de Flor da Rosa e a uma mata municipal, nos terrenos contíguos ao mosteiro. A ata de março de 1839 diz que “O Diário do Governo nº 29 de 2 de fevereiro, tem uma lista para arrematação dos Bens Nacionais neste concelho: Capela de São Pedro, Capela do Espirito Santo, que administrava o Seminário do Bonjardim (Mosteiro de Flor da Rosa) ”. Existia uma mata muito antiga na Tapada de Nossa Senhora da Flor da Roza (traseiras do mosteiro, norte), que fornecia madeira de pinheiro para a Câmara.
É bom que o Crato e as suas principais autoridades civis e eclesiásticas promovam este Santo e o façam identificar com o Crato e Flor da Rosa, trata-se de algo estruturante para o turismo e para este MUNICÍPIO COM HISTÓRIA.
No dia 4 de novembro de 2018, Flor da Rosa honrou S. Nuno de Santa Maria com uma missa acompanhada pelo Coral da Santa Casa da Misericórdia do Crato. E mais não fez porque o tempo assim não o permitiu. A projetada procissão não saiu, no entanto, a Banda conseguiu fazer-se representar e fez ecoar (com qualidade) uma melodia de procissão na bonita e bem preservada Igreja Matriz de Flor da Rosa. Também ocorreu uma palestra. E assim nascem tradições.
A festa litúrgica de S. Nuno é a 6 de novembro.
Deixo aqui mais uma resenha histórica sobre o nosso território no século XIX – “As freguesias existentes eram: Nossa Senhora da Conceição do Crato, Nossa Senhora da Luz de Vale do Pezo, Nossa Senhora de Flor da Roza (esta freguesia só foi formada em finais do século XVIII, a aldeia foi sempre um thermo do Crato), Nossa Senhora dos Mártires (em 1883 foi anexada ao Crato originando a freguesia de Crato e Mártires) e Sam Martinho de Aldeia da Mata. Monte da Pedra foi constituída freguesia distinta de Aldeia da Mata em 1842”. Não há referências à freguesia de “Sam João Baptista de Gáfete” mas existem informações sobre um pedido de aumento de ordenado do coveiro de Gáfete e esta vila foi sede de concelho entre 1688 e 1836, ano em que Mouzinho da Silveira extinguiu muitos municípios em Portugal e esta foi anexada ao concelho do Alpalhão, em 1853 viria para o do Crato por extinção daquele município, no entanto foi sempre vila do extenso território do Priorado da Ordem de Malta. Curiosamente, também se verificam informações que dão conta da existência do lugar de Chamiço e da presença de moradores nessa localidade da freguesia de Monte da Pedra.
Cartaz