desde há vários anos a esta parte que a Filarmónica do Crato e a Banda da Sociedade Filarmónica Municipal Redondense possuem uma relação de proximidade e amizade. Esta empatia vem dos tempos em que se criou uma estrutura regional de bandas – ALÉM TEJO MÚSICA – que durou apenas três anos, mas proporcionou um aproximar entre as bandas dos três distritos alentejanos. Apesar da existência de uma amizade mais forte com as bandas de Redondo e Aljustrel, a verdade é que já existiram encontros em Serpa, Beja, Amareleja, Montemor-o-Novo, Vimieiro, Reguengos de Monsaraz, Moura, Azaruja, Vila Viçosa…Da amizade entre o maestro da Banda de Redondo, José Rui do Monte, e do Presidente da Direção, João Sousa, com o Presidente da Federação de Bandas de Portalegre, Miguel Baptista, surgiu o convite para a Filarmónica do Crato ser a parceira do VIº Intercâmbio de Bandas Filarmónicas de Redondo. E, diga-se de passagem, o primeiro com bandas do Alto Alentejo.
Este evento redondense, que todos os anos é um sucesso, voltou a sê-lo mais uma vez e o convívio entre os vários músicos, jovens e mais velhos, entre maestros e diretores, foi uma evidência constante. O Intercâmbio consistiu na troca de três temas musicais entre as duas bandas, o que deu como resultado um concerto com seis peças do reportório de ambas as bandas (novas a estrear ou já tocadas) com os músicos completamente misturados e com os temas a serem divididos por ambos os maestros no que concerne à direção musical. O destaque maior vai para os temas de Jacob de Haan e para o tema Lusitanidades, de Carlos Marques, obra emblemática do excelente compositor português. Foram realizados dois ensaios, a 12 e 19 de outubro, o primeiro no Crato e o segundo em Redondo. No dia após o segundo ensaio, 20 de outubro, as bandas juntaram-se a meio da tarde para uma arruada e cumprimentos ao município de Redondo. Seguiu-se um jantar convívio com a presença dos Presidentes de Câmara e Junta de Freguesia, tratando-se de mais um momento de confraternização entre todos, sem excetuarmos os momentos livres, em que vários grupos se juntavam em conversas acompanhados por uma ou outra bebida. E para a conclusão do intercâmbio, as duas bandas apresentaram o árduo trabalho, pelas 21.00h, no Auditório do Centro Cultural, excelente empreendimento de cariz municipal. O mesmo encheu e as bandas apresentaram-se em boa forma. Marcaram presença no palco cerca de 80 músicos, sendo que 30 eram do Crato. Os solistas estiveram em bom plano e foram-se dividindo entre as duas bandas. Os maestros evidenciaram muita competência e profissionalismo e o público saiu agradado com o que viu e ouviu.
Um dos pontos altos do concerto coincidiu com a execução do tema “Lusitanidades” ao que se associou um grupo local de música tradicional, os “Tomba Lobos”, que enriqueceram o tema com uma prestação de bombos e tambores tradicionais. Ainda houve tempo para homenagens por parte do maestro José Rui do Monte ao maestro Humberto Damas, a Miguel Baptista, ou melhor aos irmãos Baptista, e ainda se incluiu a ida do pequeno João Baptista a palco para uma conversa séria com o maestro anfitrião, que lhe achou muita piada pela maturidade dos seus pensamentos, irreverência e capacidade de comunicar. Após a troca de oferendas entre as várias entidades, as bandas repetiram o tema inicial, a marcha “Águas do Botaréu”, do conceituado compositor Amílcar Morais e que terminou apoteoticamente “dirigida” pelo pequeno João Baptista.
Enfim, tratou-se de um excelente convívio/intercâmbio, onde para além do muito trabalho, imperou a amizade. A repetir! Aliás, a Filarmónica do Crato está a envidar esforços para que este concerto se repita no Crato na noite de 8 de dezembro.
Um destaque final vai para os dois municípios pelo apoio a este tipo de eventos. Se o município de Redondo colaborou e patrocinou o jantar e o transporte da sua banda para o ensaio do Crato, o município cratense cedeu o autocarro municipal para os dias 19 e 20 de outubro.
Viva a música filarmónica!