BRILHANTE ENCONTRO DE BANDAS EM CRATO

A Filarmónica do Crato leva décadas a promover encontros de bandas e a realidade é que está cada vez mais profissional na organização dos mesmos. Se a banda e as suas atuações vão crescendo em qualidade, também a capacidade organizativa dos seus dirigentes é cada vez mais eficiente. Assim sendo, o Crato viveu um brilhante encontro entre a banda local, Filarmónica do Crato, e as suas congéneres de Silves – Sociedade Filarmónica Silvense – e de São Gião (Oliveira do Hospital) – Sociedade Filarmónica Sangianense. A banda algarvia foi anfitriã da Filarmónica do Crato em setembro passado e proporcionou uma bela deslocação onde até foi possível um banho de praia e uma ida a um parque aquático de renome (Slide and Splash). A congénere beirã, trata-se de uma banda que já pode ser considerada irmã, tal como a de Manteigas (Filarmónica Popular Manteiguense). A seguir à banda de Manteigas, a de São Gião é aquela que mais vezes se juntou com a Filarmónica do Crato. Assim sendo, o encontro do passado sábado, 9 de maio de 2015, tratou-se da 6ª vez em que as duas bandas conviveram. Em 1992 foi o primeiro intercâmbio com um encontro lá e outro cá no ano a seguir. Há cerca de 3 anos houve mais dois (primeiro no Crato, depois em São Gião) a que podemos acrescentar uma ida da Filarmónica do Crato à Feira do Queijo da Serra à sede de concelho – Oliveira do Hospital. E tudo aponta para que chegue em breve o convite formal para a Filarmónica do Crato ir ao aniversário da Sangianense em setembro (13/9) para comemorar os seus 173 anos (esta banda é 2 anos mais velha que a Filarmónica do Crato).

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Os festejos começaram pelas 11.30h com os cumprimentos entre as bandas no jardim municipal, a que se seguiram os cumprimentos às autoridades municipais na praça do Município, debaixo de enorme calor e sob a habitual indiferença do pouco público cratense. Depois, as bandas desfilaram em Flor da Rosa e visitaram o Mosteiro tendo sido, como sempre, muito bem recebidos pela responsável municipal do Posto de Turismo. O convívio continuou a fortalecer-se no almoço servido no Restaurante Prior do Crato, a que se seguiu mais um desfile desde as piscinas até ao auditório da banda para captar público, o que não surtiu grande efeito. A partir das 16.30h viria o melhor. Com muitos espetadores afetos às bandas e não muitos do Crato, os concertos foram de elevada qualidade. Começou a banda mais antiga, a de São Gião, e demonstrou uma performance mais elevada relativamente aos últimos encontros. Francamente, a banda evoluiu para muito melhor, facto a que não deverá ser alheio o atual maestro, António Ressurreição. O concerto foi do agrado do público. Seguidamente, a Filarmónica Silvense, mais uma vez superiormente dirigida pelo serpense e conceituado compositor, Carlos Amarelinho, demonstrou toda a sua qualidade tanto ao nível do reportório (de elevada qualidade) como no dos seus executantes. O setor da percussão não deixou ninguém indiferente tendo sido a nota de maior destaque de toda a banda pela qualidade e variedade de instrumentos e instrumentistas. Chegou a parecer que a banda ainda necessita de mais 10 a 15 músicos para o seu miolo de forma a conseguirem um equilíbrio completo.

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Por fim, interveio a Filarmónica do Crato, com 47 elementos, mostrando ao público presente que também ela vem a evoluir e a crescer tecnicamente apesar da interioridade. Mostrou um reportório ao nível do melhor que tem apresentado desde sempre e apresentou-se equilibrada em todos os seus setores. Apesar de não ter a qualidade da banda algarvia, ombreou claramente com ela. E a Sangianense comprovou com evidências porque é considerada a melhor das quatro bandas do seu concelho.

Antes do final do concerto verificaram-se as habituais trocas de ofertas e os discursos, com destaque para as palavras do presidente da Sangianense e, claro, para o Presidente do município cratense, José Correia da Luz, que tem sempre um discurso apropriadíssimo e galvanizador para as gentes da nossa Banda. Estão de parabéns a direção, os músicos e o maestro Humberto Damas por todo o trabalho desenvolvido, mas há que continuar a trabalhar de forma a melhorar o muito que ainda há para progredir. Desde logo, é necessário que todos os músicos e famílias desejem que a banda evolua e se comprometam nesse sentido; depois, é premente uma reaposta na escola de música e na banda juvenil, esta tem de voltar a aparecer e deve ser criada uma classe de iniciação musical, que muitos bons resultados deu há vários anos atrás; também é necessário voltar a apostar em músicos das diferentes freguesias e voltar a criar um polo em Gáfete (há menos músicos desta freguesia, de Flor da Rosa já não há, do Pisão só já existem dois e de Aldeia da Mata há 3); por fim, dever-se-ia voltar a apostar na ida de músicos para o Conservatório onde praticamente já ninguém o frequenta e chegaram a ser mais de 10 alunos.

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O encontro de bandas culminou com o jantar no mesmo restaurante sendo que o convívio foi ainda mais intenso e terminou com um breve baile e música espontânea por parte de alguns dos presentes. Pena foi que as bandas visitantes tivessem de partir rapidamente mas ainda as aguardavam cerca de 4 horas de viagem. O jantar foi bem servido embora haja sempre aspetos que podem ser melhorados por parte do serviço, mas no geral correu tudo bem e o espaço é excelente e foi do agrado de todos.

Uma nota final tem de ir inevitavelmente para o município na pessoa do seu Presidente, José Correia da Luz, que continua a depositar uma enorme confiança e paixão pela Filarmónica do Crato. Para ele e para toda a sua equipa e demais vereadores, o nosso bem-haja pelo que nos proporcionam. Invariavelmente, existem críticas de que se gasta algum dinheiro neste tipo de eventos, mas temos de ficar de consciência tranquila relativamente a essas vozes que de cultura nada devem perceber. Isto não se trata de despesa, é investimento! Além do mais, proporcionam-se momentos de qualidade cultural e a prova disso é que todos os anos comparecem pessoas que habitualmente não frequentam este tipo de espetáculos e saem de lá rendidas à qualidade e aos reportórios das bandas e completamente rendidos à performance da banda concelhia.

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