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APÓS INTERREGNO DE 2 ANOS, A FILARMÓNICA DO CRATO ATUA NA ROMARIA DE Nª SRª DOS MÁRTIRES

 

A Filarmónica do Crato ofereceu maior brilho à conhecida romaria do lugar do Pisão, concretamente à Festa de Nossa Senhora dos Mártires. Este ano, o terceiro domingo de maio, coincidiu com o dia 19. Como vem sendo hábito, o tempo nos últimos anos não tem sido famoso, ou seja, tem sido frequente haver chuva ou frio nestes dias. E 2013 não fugiu à regra, a chuva e o muito frio, prejudicaram e de que maneira as festividades e o trabalho dos jovens festeiros. Longe vão os anos em que esta festa fazia encher de romeiros a propriedade privada onde se situa a bela ermida de Nª Srª dos Mártires, hoje a festa perdeu fulgor e os amigos do alheio têm feito algumas visitas à igreja. Graças à ermida, existiu outrora a freguesia de Mártires que haveria de ser anexada à do Crato, dando origem à atual freguesia de Crato e Mártires. Não se estranhe o novo figurino que por aí virá para as freguesias do nosso município sendo que vamos ter a mega freguesia (união de 4 freguesias) que se irá apelidar de União das Freguesias de Crato e Mártires, Flor da Rosa e Vale do Peso.

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Filarmónica do Crato atuou com dignidade e fê-lo sempre com a participação de cerca de 30 músicos, tanto no período da manhã, no Pisão e Monte da Velha em peditório, como nas Mártires em concerto e procissão.

A banda foi contactada a meio da semana anterior aos festejos, o que não inviabilizou a sua presença. Esta participação muito se deve ao esforço e empenho da Junta de Freguesia de Crato e Mártires. A última vez que a festa contou com a presença da Filarmónica do Crato foi em 2010.

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A FILARMÓNICA DO CRATO E AS ROMARIAS E FESTAS DE VERÃO DO CONCELHO DO CRATO

 

Nos seus 169 anos de existência, se não forem mais, a Filarmónica do Crato tem, necessariamente, muito para contar e o seu historial não poderá ser indissociável da atuação nas principais romarias e festas de verão, um pouco por todo o concelho e região (mesmo pela Beira Baixa). Também será fácil perceber que as romarias são mais antigas que as festas de verão. Já são saudosos os tempos em que a Banda do Crato ia de carroça para as festividades e nalgumas localidades pernoitava vários dias pois para além de abrilhantar peditórios, procissões e touradas, era a Banda quem animava os bailes noturnos das festas de verão. Por outro lado, o registo mais antigo de participação em romarias ou festas religiosas das localidades remonta à década de 80 do século XIX, em Vale do Peso, na Festa de Nossa Senhora da Luz.

Os últimos 50 a 60 anos foram repletos de festas e atuações da nossa banda por esse concelho fora. Não é difícil lembrarmo-nos dos verões dos anos 80 do século XX em que não raro, a Filarmónica do Crato tinha todos os sábados e domingos apanhados. É certo que o virar do século XXI trouxe alterações. Atualmente, as Bandas têm poucos serviços e eram as romarias e as festas de verão que lhe conferiam a possibilidade de angariarem receitas para a sua sobrevivência. Hoje, se não fosse o poder autárquico, em vez de cerca de 800 Bandas, só teríamos uma quarta parte destas. A crise familiar e de valores, a desertificação das nossas vilas e aldeias e a nova crise mundial fizeram o paradigma alterar-se e as Bandas de hoje limitam-se a tocar em encontros de bandas, inaugurações, concertos e pouco mais. Esta crise é perfeitamente visível no concelho do Crato de há uns anos a esta parte. Há cerca de uma década, o plano de atividades da Banda contemplava atuações anuais em festas como o São Marcos (Gáfete), Nossa Senhora dos Mártires (Pisão), Santo Isidro (Chamiço, Monte da Pedra) e nas grandiosas festas de verão de aldeias como Aldeia da Mata, Flor da Rosa, Monte da Pedra e Vale do Peso. É certo que praticamente todas estas festividades perderam fulgor, mas não é menos certo que, de uma ou outra forma, elas se continuam a realizar. Contudo, começaram a prescindir das Bandas ou a substituí-las por outras entidades menores como fanfarras ou mini-bandas, sem desprimor para estas agremiações. Percebe-se que os organizadores dos festejos queiram cortar despesas, mas já é menos compreensível que escudados no facto de defenderem que uma Banda é cara, nem a contactem para perceber se esta pratica preços acessíveis ou não. Julgamos que os autarcas de Câmara, Assembleia e de Freguesia, bem como os cidadãos de todas as nossas freguesias deviam pugnar para que a única banda filarmónica existente no concelho do Crato abrilhantasse todas as festividades desse território. E nem será pela falta de qualidade que isso já não acontece. Qualquer festa que ocorra hoje, seja romaria ou festa de verão, tem um enorme apoio por parte da Câmara Municipal, temos conhecimento de apoios de 800€ para pagamento a bandas (é um valor condizente com os preços praticados pela Filarmónica do Crato!). E é esta mesma Câmara Municipal quem também apoia fortemente a Banda… É premente que se encontrem linhas de entendimento entre todas as partes tendentes a que a embaixatriz do Crato continue a manter a sua atividade em prol da cultura do município. Compreende-se que quem organiza uma festa tenha o direito de escolher os artistas que as vão abrilhantar, no entanto, quem patrocina também deve “exigir”. Estamos a falar de situações que são uma realidade noutros concelhos onde se faz “lobbing” pelas coletividades locais.

A título de curiosidade, deixamos aqui os seguintes dados:

A Filarmónica do Crato atua na festa de Nossa Senhora da Luz, em Vale do Peso, há cerca de 150 anos quase sem interrupções sendo seguro que nos últimos 40 a 50 anos o fez de forma ininterrupta. A Filarmónica do Crato atuava nas festas de S. Marcos em Gáfete ainda antes do 25 de abril de 1974 (aliás no dia da Revolução era lá que estava) e apenas deixou de o fazer quando naquela vila existiu a Banda Juvenil durante cerca de uma década, contudo, nos últimos dez anos, marcou presença neste evento em 2002, 2004, 2005, 2009, 2010 e 2013. No que diz respeito à Festa de Nossa Senhora dos Mártires, temos registos de 1902 (folha de pagamento a músicos) e de 1957 (uma foto), no entanto, ultimamente, apenas se verificou a presença da Filarmónica do Crato em 2003, 2004, 2005, 2009, 2010 e 2013. Relativamente à Festa de Santo Isidro (Chamiço), apenas temos registos de presença nos últimos 15 a 20 anos tendo a Filarmónica do Crato comparecido nos anos de 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2010 (já vai num interregno de 3 anos). No que diz respeito às festas de verão, o panorama ainda é mais desolador, ou seja, as presenças da Filarmónica do Crato nas festas maiores das nossas aldeias vizinhas circunscrevem-se a duas aparições em Flor da Rosa – 2003 e 2006 (6 anos de interregno), duas atuações em Monte da Pedra – 2002 e 2009 e Aldeia da Mata está menos mal com sete presenças – 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2009.

Face ao exposto, somos levados a observar que os últimos anos, regra geral, têm sido aqueles onde a presença da Filarmónica do Crato nos eventos romarias e festas de verão ocorridos no território que compreende o município do Crato se verifica menos.

Esta reflexão não pretende ser mais do que isso, ou seja, é uma análise com espírito crítico sendo que não se pretende apontar quaisquer culpados para esta situação. Apenas se pretende despertar consciências para a salvaguarda do nosso património cultural.

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               (Filarmónica do Crato – 25 de abril de 2013)

Este texto é da responsabilidade do seu autor, Miguel Baptista – maio de 2013 (músico da Filarmónica do Crato há 37 anos, maestro da mesma entre 2001 e 2006, Presidente da Direção durante um mandato e atual Presidente da Direção da Federação das Bandas Filarmónicas do Distrito de Portalegre), e não tem qualquer conotação política.

 

FILARMÓNICA DO CRATO ORGANIZA MAIS UM MEMORÁVEL ENCONTRO DE BANDAS
A Filarmónica do Crato organiza Encontros de Bandas há mais de duas décadas. E isso, permite-lhe ter um conhecimento e uma capacidade acima da média para realizar este tipo de eventos, a festa máxima dos convívios entre bandas e gentes de outras localidades e regiões do país. Para além da amizade e dos laços musicais, oferecemos o que de bom temos em termos gastronómicos (enchidos, queijos, vinhos) e damos a conhecer a monumentalidade do Crato e do nosso concelho, enfim, somos embaixadores, mesmo cá dentro. O dia 25 de maio de 2013 foi a data escolhida para mais uma megaprodução da direção da banda e dos músicos e maestro. Logo pela manhã, o jardim municipal, este ano salpicado pela feira do livro, era a montra recetora das duas bandas convidadas. O calor já era muito e os nossos convivas vinham de bem longe, especialmente os de Vila Real de Santo António, os outros eram da fresca Serra da Estrela, de Unhais da Serra (Covilhã). O aparato das bandas foi grande de mais para a pequenez do público, ou seja, o Crato merecia mais e a Filarmónica do Crato também, mas dessa sina já estamos todos habituados, somos assim, abairristas.

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(Filarmónica do Crato)

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                         (Filarmónica de Unhais da Serra)

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              (Filarmónica de Vila Real de Santo António)

Do jardim, as bandas partiram para a fresca Praça do Município para a normal receção nos Paços do Concelho pelo senhor Presidente do município, Dr. Teresa Ribeiro.

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Em seguida, as comitivas arruaram por Flor da Rosa, onde visitaram com muito interesse, o muito fresco Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa bem como a sua Pousada.

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O almoço foi servido no salão dos Bombeiros Voluntários do Crato bem como o jantar. E aqui, o convívio viveu o seu primeiro momento alto, ou seja, após todos terem sido muito bem servidos pelo conceituado restaurante de Gáfete, “O Lagarteiro”, a animação musical foi um prenúncio do que viria a seguir.

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Após mais um desfile até à sede da banda, tiveram início os excelentes concertos. Começaram os de Unhais, seguidos dos colegas algarvios tendo o concerto terminado em apoteose com a banda da terra, composta por 52 unidades. As filarmónicas tiveram uma prestação muito boa, eram equiparadas, no entanto, o concerto decorreu em crescendo de qualidade sendo que os reportórios, com muita música portuguesa, foram bem selecionados pelos maestros. A Filarmónica do Crato, a mais antiga, por ser mais experiente e estar dotada de muitos bons músicos e também por utilizar outro tipo de instrumentos como os tímpanos, a lira e um reportório mais exigente, foi a que mais fez vibrar o público, no entanto, o espetáculo foi todo ele de grande nível. Pena é que não tivesse sido visto e ouvido por muitos cratenses, a sala estava cheia, mas era principalmente com as bandas convidadas. Perto do final do concerto houve espaço para as habituais trocas de lembranças entre as 3 bandas e o município e a Junta de Freguesia.

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O jantar foi extraordinário e a amizade e companheirismo imperou. O vinho do Crato foi apreciadíssimo por todos os presentes. Pelas 22.30h, as nossas convidadas,
Filarmónica Estrela de Unhais da Serra, com 108 anos e a Filarmónica da Associação Cultural de Vila Real de Santo António, apenas com 18 anos de vida, tiveram de se fazer ao caminho, com muita pena de todos pois queriam ficar mais tempo a conviver. Refira-se que a nossa banda esteve em Vila Real de Santo António, precisamente a 16 de maio de 2010, aquando das comemorações do 15º aniversário da nossa congénere algarvia.

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Esta fantástica jornada de aclamação da música filarmónica só foi possível graças ao esforço financeiro que a Câmara Municipal do Crato vem fazendo nos últimos mandatos, ciente de que a sua embaixatriz faz um enorme trabalho em prol da dignificação da nossa terra e do nosso município e ocupa os seus jovens numa atividade altamente dignificante e desviante e que lhes traz enormes mais-valias para o futuro. Ou seja, este encontro de bandas anual também já faz parte do imaginário coletivo municipal e as verbas nele gastas são devidamente traduzidas em prestígio e promoção turística do que de melhor temos. Assim sendo, a Filarmónica do Crato agradece a todos quantos tornaram possível mais este sucesso organizativo prestigiador do Crato, em especial à Câmara Municipal, às Juntas de Freguesia de Crato e Mártires e Flor da Rosa, à Pousada de Flor da Rosa, aos Bombeiros Voluntários do Crato e ao restaurante Lagarteiro bem como às congéneres associações do Crato que marcaram presença no jantar e no concerto.
Viva a Música Filarmónica! Viva o Crato!

 

 

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