Noticias Março e Abril

FESTA DE S. GREGÓRIO 2013
A tradicional Festa de S. Gregório voltou a estar um pouco aquém das anteriores. Não foi por falta de empenho e competência da prestimosa Comissão de Festas, tal deveu-se à elevada crise que vem assolando as famílias, à diminuição dos apoios, à enorme falta de bairrismo de muitos cratenses e, infelizmente, porque o Crato está mais desabitado e envelhecido (tal como todo o Alentejo e o interior do país). Ainda assim, neste período pascal, até se via por cá muito visitante. Outro aspeto que poderá contribuir para um menor fulgor das festas foi o período de “tristeza” causado pela falta de sol e pelas intempéries que têm assolado o país nos últimos 5 meses, no entanto, era necessário haver mais apoios para se poder arriscar mais nos artistas que abrilhantam as festas e era visto com bom acolhimento que existissem mais atividades lúdicas e culturais principalmente nos dias de sábado e domingo, desta forma, poderia ser que mais pessoas acorressem à sede da Banda.
A festa de 2013 coincidiu com os dias 23, 30 e 31 de março e 1 de abril. Para além dos habituais dois peditórios e da procissão, a festa compôs-se de bailes, da favada/feijoada de 2ª feira e do sempre espetacular concerto desse mesmo dia.
O baile de Sábado ainda foi animado mas o de domingo teve menor adesão. A favada/feijoada, voltou a contar com cerca de 110 apreciadores. Quanto ao concerto de bom nível que a Banda interpretou (com 48 elementos), poderia ter tido mais adesão de público. Mas é a terra que temos: não sabe acarinhar o que tem de bom! Felizmente, a Banda atravessa um bom período. Caso contrário, haveria pouca gente para lutar pela sua sobrevivência. E o português é pródigo em chorar o leite derramado depois de perder as coisas, mas quando as tem, nada faz por elas…
A Comissão de Festas deste ano foi fantástica. Era um grupo bastante homogéneo muito bem comandado pela jovem e dinâmica Profª Cláudia Morgado, filha do nosso malogrado Tesoureiro, Joaquim Morgado, falecido precisamente na Páscoa de 2010. A mordoma está de parabéns por ter conseguido reunir um bom grupo de amigos e acompanhantes. A comissão contou mais uma vez com o inevitável apoio dos directores da banda e de alguns músicos. A Comissão era composta pelos seguintes elementos: Cláudia Morgado, Margarida Vivas, Sara Maia, Clarisse Gregório, Carla Gregório, Francisco Godinho (excelente elemento que também pegou na bandeira em 2012), João Raposo, Joaquim Martins (Ganhão), Sílvia Martinho, Sofia Morais (grande braço direitoex-clarinetista), Andreia Rodrigues, Celso Alves, António Barreto, Rafael Vivas e o pequeno Diogo Martins.

(Vista geral do aspeto do almoço de 2ª feira de páscoa)
Infelizmente, a receita geral da festa foi de 3.570€ (já foi de 5000€ e até mais, mas em 2012 ainda foi mais baixa em cerca de 150€). Ainda assim, esta verba continuará a constituir um balãozinho de oxigénio para a tesouraria da Banda, até porque é sempre necessário comprar novos instrumentos.
A festa contou com um belo bazar. O sorteio de rifas voltou a oferecer vários prémios, desde cabazes a pequenos eletrodomésticos.
O bar funcionou muito bem ao longo dos vários dias de festejos nunca tendo faltado nada, voltou a ser um dos anos mais eficazes no que toca à alimentação.

 (Filarmónica do Crato – concerto de 2ª feira de páscoa – 01/04/13)

A Comissão de Festas, a Direção da Filarmónica e os músicos agradecem particularmente a todos quantos ajudaram nos donativos (peditório), na publicidade (aos comerciantes) e no consumo. Agradece-se em particular à Câmara Municipal do Crato, à Junta de Freguesia de Crato e Mártires, à Casa Josebel, à Ótica do Crato, à Zions, entre outros. Este ano estreamos uma “nova” cozinheira, a senhora Maria Nicolau (Peixa), que foi notável na confeção da favada, muito apreciada por todos. A Maria é mãe do nosso antigo músicos, José Manuel Oliveira, que seguiu a música na Banda da Força Aérea durante muitos anos e é avó do pequeno Diogo, que agora também é músico em Pero Pinheiro (parece que já levou o pai para a referida Banda). O Diogo, tal como o pequeno Rodrigo Dias Mourato (toca em Alverca), logo que têm férias escolares vêm de imediato para casa dos avós no Crato a fim de poderem tocar na sua banda preferida. E assim foi este ano! A outra cozinheira, que confecionou os restantes petiscos e a feijoada, foi a “primeira-dama da Banda”, a D. Margarida Vivas.

(concerto de 2ª feira de páscoa- vista geral do público)

Apesar de ter havido alguma dificuldade para se encontrar uma comissão para 2014, lá apareceu um grande grupo de jovens músicos a pegarem na Bandeira. Ou não fossem eles, os músicos, quem mais gosta da Banda e se dá a ela! Os corajosos foram: António Barreto, Rafael Vivas, André Carpinteiro, Ricardo Ferreira, Tiago Rainho, João Manuel Marques, Eduardo Batista, Rui Matias, Miguel Dias, Clarisse Gregório, Inês Pereira, Bárbara Nascimento, Cátia Ribeiro e, o único elemento que não faz parte dos executantes da Banda, mas que o era até há poucos meses, o jovem Pedro Martins, que trabalha na Valnor em Castelo Branco.
Bem-haja a todos os que trabalharam este ano e aos que o pretendem fazer em 2014 em prol do benefício da Filarmónica do Crato.

(entrega do pendão à Comissão de Festas de 2014)

 

PEDITÓRIOS DAS FESTAS DE S. GREGÓRIO 2013
Na manhã de 23 de Março de 2013 a Filarmónica do Crato, com mais de 30 músicos, juntou-se à Comissão de Festas de S. Gregório 2013, iniciando a comemoração dos festejos do evento pascal que constitui, desde há muitos anos a esta parte, um enorme balão de oxigénio para a Filarmónica do Crato.
Como é sabido, 2013 tem sido um ano extremamente chuvoso, o mais molhado dos últimos 40 anos. E isso manifestou-se por estes dias de Páscoa prejudicando as cerimónias religiosas e as festividades da banda. O peditório do primeiro dia haveria de se fazer apenas no Campo 1º de Maio e no Bairro junto à GNR pois a chuva não deu tréguas.

(Dia 23/03/13, à saída da sede da Filarmónica)

(23/03/13 – paragem forçada nas instalações da GNR devido à chuva)

Assim sendo, o peditório do segundo dia haveria de ficar reservado para cumprir os restantes arruamentos da vila do Crato, tarefa árdua e dura para os músicos e festeiros. Para fugir à meteorologia, alterou-se o programado e o peditório haveria de ser cumprido na tarde de 30 de Março, com 27 músicos. Apesar da crise, ainda foi possível angariar cerca de 800€, um pouco abaixo de 2012, que realizou cerca de 1150€.

(peditório de 30/03/13)

Estão de parabéns todos os que contribuíram com o seu trabalho e com o apoio monetário para as colchas. Refira-se que a Comissão de Festas conseguiu trabalhar com três colchas, o que é bastante profícuo, no entanto, fica a sensação de que todos os anos deveria existir uma maior eficácia organizativa, ou seja, era muito produtivo que todos os elementos que vão nas colchas tivessem um plano e um trajeto traçado sempre em articulação com a Banda e as restantes colchas.

(uma das 3 colchas no 2º peditório – 30/03/13)

PROCISSÃO DE SÃO GREGÓRIO 2013

Nos últimos 10 anos a Procissão em Honra de São Gregório Magno não saiu muitas vezes. Depois de 6 anos sem sair, saiu à estrada durante 3 anos consecutivos, interrompeu em 2011 porque coincidiu com o feriado de 25 de abril, realizou-se em 2012, mas voltou a não sair em 2013. As razões prenderam-se com a chuva constante e persistente que cai há vários meses (mesmo à hora da saída da procissão desabou uma forte carga de água) e com alguma dificuldade da parte da banda em ter percussionistas para tocarem na referida procissão, na sede da banda estavam preparados muitos músicos para a procissão que ocorre tradicionalmente na segunda-feira de Páscoa. Este ano, curiosamente, era dia das mentiras, mas infelizmente, o que se afirma, foi verdade!

Gregório I foi o 64º Papa (pontificou de 590 a 604) e tratou-se de um dos Papas mais famosos da história da igreja católica, responsável pelos cânticos gregorianos. O atual calendário (calendário moderno) teve como responsável o Papa Gregório XIII, em 1582. Desta forma, a simpática imagem de S. Gregório não saiu da igreja matriz para visitar, por poucas horas, a sua capela junto às ruínas de Santo Amaro, ali para nas proximidades da Fonte Nova e da Ribeira do Chocanal. Se a imagem estivesse na sua capela, provavelmente já tinha sido roubada. Lembramos que no ano passado “os amigos do alheio” visitaram a pequena capela e delapidaram a pia batismal, os azulejos das paredes resistiram mas ainda foram forçados.

A Filarmónica do Crato agradece ao Monsenhor Paulo Henriques as simpáticas palavras que proferiu na homilia que realizou na igreja matriz na manhã de 1 de Abril, as quais foram muito sentidas e apreciadas pelo seu Presidente e Vice-presidente da Direção, Filipe belo e António João Fernandes, respetivamente.

 

PROCISSÕES DA SEMANA SANTA 2013

A Filarmónica do Crato voltou a emprestar enorme dignidade às comemorações da Semana Santa do Crato. Esta manifestação popular de fé e tradição tem vindo a aumentar, de há uns anos a esta parte, em número de fiéis e participantes nas diversas cerimónias, bem como em dignidade, respeito, participação, nível e grandeza.

A noite de Quinta-feira Santa, 28/03/13, estava convidativa à lareira, tal era o frio e os ameaços de chuva que se faziam sentir nas ruas do Crato. A Filarmónica do Crato conseguiu apresentar-se em bom nível, contando com 45 elementos nas suas fileiras.

A Procissão do Senhor da Cana Verde estava bastante interessante e grande, no entanto, a “fiel” chuva que teima em cair persistentemente desde meados de Novembro de 2012, fez das suas e começou a desabar prejudicando toda a solenidade do evento bem como o corpo, as fardas, os instrumentos e os papéis dos músicos. Assim sendo, a procissão não cumpriu todo o habitual percurso. Devido ao facto de a chuva se ter tornado sistemática e mais grossa, a Banda acabaria por retirar-se da procissão perto do seu final sendo que já não lhe era possível interpretar as habituais marchas fúnebres desde metade da mesma.

(Filarmónica do Crato aguardando a saída da procissão de 5ª feira à noite – 28/03/13)

Uma vez que os boletins meteorológicos não eram favoráveis para a noite seguinte, os responsáveis pela Misericórdia e pela Paróquia decidiram que a Procissão do Senhor Morto não se realizaria pelas ruas circunscrevendo-se as cerimónias religiosas apenas ao edifício da Igreja Matriz. Ainda assim, a banda estava preparada…Curiosamente, nessa noite não choveu!

 

PROCISSÃO DO SR. DOS PASSOS 2013
A Filarmónica do Crato teve uma tarde longa a 24 de Março de 2013. Primeiro foi o ensaio dos Motetos (cântico em latim que interpretaram junto aos Passos da via sacra), sempre interpretados pelos músicos mais jovens da Banda. Este ano houve algumas alterações, as habituais acompanhantes em flauta e clarinete, Ana Rei e Daniela Batista, respetivamente, deram o seu lugar às jovens brasileiras, Bárbara Nascimento (flauta) e Viviany Albuquerque (clarinete), que estiveram em muito bom nível. A jovem Ana Rei, atualmente a frequentar o 1º ano de flauta no Curso Superior na Universidade de Évora, já com uma ou outra aparição como maestrina na nossa banda e até há pouco tempo monitora da Escola de Música, este ano participou como cantora e estagiária para assumir a direção musical dos Motetos em 2014 a fim de substituir o “veterano” músico, Miguel Baptista, que tem assumido a missão de ensaiador e cantor há mais de uma década (cerca de 15 anos).

(saída da procissão do Sr. dos Passos – domingo de Ramos – Crato, 24/03/13)

(Praça do Município – momento antes do Encontro)

Pelas 17.30h, com mais de 30 músicos, a Filarmónica do Crato, interpretou as suas melhores marchas fúnebres do seu reportório, oferecendo enorme brilho à linda Procissão do Senhor dos Passos, com o tradicional e emotivo “Encontro”, numa festividade que decorre durante cerca de duas horas e meia.

(elementos da banda pertencentes ao grupo dos Motetos)

 

JOVENS DA FILARMÓNICA DO CRATO EM ESTÁGIO DA EANAP

Um grupo de sete jovens elementos da Filarmónica do Crato marcou presença no 1º Estágio de Orquestra de Sopros da EANA – Escola de Artes do Norte Alentejo (vulgo Conservatório). O estágio decorreu entre 19 e 22 de Março em Portalegre e contou com atuais, antigos (já em cursos superiores de música) e futuros alunos do Conservatório. O mesmo culminou com um concerto de elevado nível sob a direção musical do maestro convidado, Tiago Alves

 

FALECEU JOAQUIM TEODORO

O dia 13 de Abril de 2013 coincidiu com o derradeiro suspiro de mais um cratense que amou toda a vida a sua Banda.

Joaquim das Neves Teodoro, contava com 81 anos e era membro de uma enorme família constituída por 8 irmãos (5 rapazes e 3 raparigas), ainda há poucos dias vira partir o irmão mais novo, Aníbal Teodoro. Joaquim Teodoro (conhecido pelos homens do seu tempo por “Carriça”), nasceu em Outubro de 1931 e viria a entrar nos quadros da então Banda Municipal Cratense a meio da década seguinte como clarinetista e posteriormente em saxofone soprano tendo também interpretado saxofone alto. Na sua juventude conviveu com excelentes músicos e maestros e teve a honra de pertencer às fileiras da Banda num dos seus períodos áureos – a década de 40 e 50. Era genro de outro músico, o senhor José Fura e primo do mecenas da Banda, Ismael Teodoro. Nos inícios dos anos 60, tal como muitos conterrâneos, foi “obrigado” a emigrar para a diáspora lisboeta fazendo dessa forma um interregno forçado como músico. A sua saída e a de muitos outros levou a Filarmónica do Crato a passar por um período de quase apagamento e extinção. No princípio dos anos 90, já reformado, regressaria ao Crato e uma das primeiras coisas que fez foi voltar a cumprir o desejo de continuar a tocar na sua Banda de eleição. E fê-lo com muito brio e satisfação. Nessa época não se conseguiu habituar ao saxofone soprano mas cumpriu uma enorme participação em saxofone tenor auxiliando e substituindo muitas vezes o cunhado, Carlos Anselmo. Depois de uma boa meia dúzia de anos nas nossas fileiras, para seu desgosto, foi novamente obrigado a deixar-nos, desta vez, por motivos de saúde (respiratórios). Contudo, nunca mais se desligaria da Banda sendo seu fã incondicional.

Nos últimos anos, com presença assídua nos ensaios da Banda (mesmo à 2ª feira), qual terapia, metia conversa com os jovens músicos simpatizando com muitos deles. Era uma pessoa que estava constantemente a encorajar e a elogiar os elementos mais novos e regozijava-se por acompanhar a evolução de muitos, sempre crente que o Crato é um viveiro de bons músicos.

A sua falta aos ensaios nos últimos 6 meses foi sentida por todos. Já não há pessoas desta qualidade e com um amor tão grande por uma causa. E como era uma pessoa entendida, muito educada e bem-falante com todos, granjeou muitas simpatias no seio da Banda. Soubemos da sua doença e que as coisas não estavam de feição e lamentámos muito o facto de não termos connosco aquela figura que já nos habituara com a sua presença…

A maneira mais singela que tive de me despedir de mais um “ícone” da Filarmónica foi acompanhando-o à sua última morada na manhã de 14 de Abril de 2013 transportando o estandarte que tantas vezes honrou. Outra forma foi assistir a uma gravação do memorável concerto da Páscoa de 1991 onde Joaquim das Neves Teodoro era o único representante dos saxofones tenores e se exibiu em grande nível, tal como toda a Banda, muito bem dirigida pelo saudoso maestro Edmundo Manaças.

Paz à sua alma e que interceda no céu pela sua querida Banda!

À família, esposa, filho, netos, irmãos, irmãs e muitos sobrinhos, a Filarmónica do Crato lamenta profundamente a perda do seu ente querido ciente de que apesar de ter uma grande família de sangue, também tinha uma enorme família de músicos!

Abril de 2013 – Miguel Baptista