FILARMÓNICA DO CRATO ABRILHANTA TOURADA EM SOBREIRA FORMOSA

A Filarmónica do Crato deslocou-se a Sobreira Formosa, concelho de Proença a Nova, para abrilhantar uma tourada picada na quentíssima tarde de 20 de agosto, domingo. Com transporte patrocinado pela Câmara Municipal do Crato, foi possível a Filarmónica atuar num evento desta natureza. Os orçamentos para as touradas têm de ser muito reduzidos e não compensam a maioria das bandas, pelo que a nossa é pouco convidada para o efeito. Raramente se abrilhantam touradas fora do Crato e como a praça local não se encontra em condições, a verdade é que se ensaiam pasodobles praticamente para nada, apenas para um ou outro concerto. Este ano, com a deslocação aos Açores, devido aos vários eventos taurinos, a banda reforçou o investimento no ensaio deste tipo de músicas. E deu jeito…

A tourada teve início às 17 horas, debaixo de um calor de 40 graus e a banda tocou as três primeiras tentas completamente ao sol. Foi de loucos e só para heróis! Os instrumentos queimavam e alguns mal se conseguiam dominar. Depois do intervalo, graças a uns pinheiros que não arderam com os incêndios, a sombra começou a abranger os 33 músicos e as condições melhoraram significativamente, mas a muita água que se bebia, aquecia num esgar. A atuação da Banda foi bastante positiva pese embora devesse estar melhor equilibrada no que respeita ao naipe do contracanto. Estão de parabéns todos os músicos que aguentaram tamanhas condições. Muitos até são amantes da tourada. As lides tiveram João Moura como cabeça de cartaz mas os outros dois cavaleiros também eram bastante conhecidos e de qualidade – Duarte Pinto e Manuel Telles Bastos. Os forcados eram de Alter, Monsaraz e do Ribatejo e a ganadaria era a Monte Cadena. A Filarmónica do Crato foi indicada pelos forcados de Alter, que tiveram uma boa atuação naquela tarde.

O inteligente da corrida foi o professor Marco Gomes, residente em Alter, grande amante da festa brava e que desde há anos tem desenvolvido um projeto único no país na escola de Alter do Chão, o famoso Clube Taurino, que envolve muitas dezenas de crianças e jovens. Há uns anos atrás, quando estava colocado no Crato, ainda por cá tivemos alguns famosos da tauromaquia. Refira-se que dirigiu a tourada com enorme rigor e qualidade.

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Infelizmente, as Praças de Touros, possuem poucas condições para as bandas filarmónicas dos nossos tempos e sabe-se que os empresários necessitam de fazer lucro a todo o custo, ou seja, quanto mais ganharem (ou menos perderem, nalguns casos), questões como as condições para a banda acabam por ficar secundarizadas e estas quase sempre acabam ao sol porque os bilhetes da sombra são menos e rendem mais. Esta praça, curiosamente, era desmontável.

Boa parte das vezes, o nome da banda não figura nos cartazes. Isto deve-se com a dificuldade que os empresários têm em encontrar bandas que “se prostituem” por meros 500 euros ou menos…noutras vezes, aparecem em praça pequenos grupos de músicos (já têm sido só 5 ou 6) ou pequenas charangas, tal como nalgumas festas do concelho do Crato. Mas a legislação obriga a que cada tourada seja abrilhantada por uma Banda e qualquer banda tem no mínimo 24 elementos. Uma filarmónica que tenha de pagar o transporte, aguas e alguma alimentação e ainda a bonificação a alguns músicos que contrate noutro lado para reforço da mesma, fica com saldo negativo.

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