A manhã de 8 de dezembro, quinta-feira, com tempo frio, foi bastante animada para a Filarmónica do Crato e, em certa medida, para os cratenses que puderam ver e ouvir a banda.
A mesma apresentou-se equilibrada, com 24 elementos, percorrendo várias artérias do Crato. Não faltou a deslocação ao Bairro do Codeço e a apresentação de cumprimentos à porta da residência de Alexandrino Carvalho, recentemente falecido. Refira-se que a porta se abriu e a viúva, D. Narcisa Damas, agradeceu e desejou felicidades à Banda e aos seus executantes. Esta paragem foi obrigatória durante mais de 30 anos, onde a Banda recuperava forças e fôlego na adega do casal e degustando uns bolinhos e bolachinhas.
Em seguida, foi a vez de cumprir a tradição com a deslocação à Unidade de Grandes Dependentes da Santa Casa da Misericórdia e onde os acordes do Hino da Padroeira fazem brilhar muitos olhos pelo avivar de muitas memórias. Todos os anos assistimos à entrada de novos utentes. De salientar que numa das salas se encontravam duas viúvas de dois míticos músicos da Banda, nomeadamente as esposas de Joaquim Maria Belo e de Alberto Roma, a quem alguns músicos agradeceram o facto de as mesmas terem sido privadas muitas vezes da companhia dos seus maridos em prol das atuações que os mesmos realizavam ao serviço da então Banda Municipal Cratense.
Depois, outro momento carregado de emotividade é a deslocação ao Lar do Crato onde os seus idosos e funcionárias demonstram o enorme carinho pela Banda e pelos seus elementos. É Um grupo de músicos subiu ao 1º andar e tocou o Hino da Padroeira a um grupo de senhoras que já não têm capacidade para descer ao rés-do-chão e que muito agradeceram este gesto.
A manhã terminaria com mais três paragens em homenagem a três elementos que deram o seu contributo à Banda. O primeiro foi à porta do antigo diretor, Joaquim Morgado. Em seguida, foi ao músico ainda vivo, Fernando Carvalhoe para finalizar, uma nova paragem, desta feita à porta do último Presidente da Direção da Filarmónica do Crato, o senhor Isidoro Aires, falecido em julho e recentemente homenageado. A esposa, D. Catarina, abriu a porta de sua casa e agradeceu emocionada o gesto da Filarmónica.
Refira-se que o início da arruada teve um momento de alegria protagonizado pelo jovem Alex Szucs, que se estreou pela primeira vez tocando tuba. O mesmo nasceu na Roménia e veio para o crato com apenas 1 ano de idade e atualmente tem 13 anos. Curiosamente, a Filarmónica do Crato possui dois jovens com a mesma idade a interpretarem um instrumento bastante pesado. Tratam-se, certamente, de um caso único nas bandas nacionais. A Escola de Música da banda e o seu maestro estão de parabéns pelo facto de em pouco tempo terem formado três tubistas (um já saiu da banda).
À tarde, a Filarmónica emprestou todo o brilho a mais uma tradicional Procissão de Nossa Senhora da Conceição, com 29 elementos mas muito coesa e com os naipes equilibrados o que se traduziu numa prestação que há muito não se via e ouvia. Não será alheio a qualidade que o setor da percussão vem apresentando. A Procissão ia bem composta de fiéis, o que demonstra que ainda há muitos cratenses com fé e que desejam manter e cumprir as tradições mais emblemáticas da terra.
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