CONCERTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO – 7 DE DEZEMBRO DE 2016

Mais um ano e nova amostra do trabalho anual da Filarmónica do Crato. O concerto anual de Nª Srª da Conceição é o corolário máximo do trabalho desenvolvido ao longo do ano pela Filarmónica do Crato, apenas o concerto da FAG se assemelha, em importância e qualidade, ao da Padroeira do Crato e de Portugal. Este concerto é já uma tradição das últimas décadas e no mesmo a Banda mostra aquilo que preparou ao longo de vários meses, apresentando quase sempre peças novas ou outras já tocadas em anos anteriores e que são rebuscadas no imenso arquivo, sendo que muitas já não são tocadas há muitos anos e poucos executantes da atual Banda as conhecem. Este ano o concerto voltou a ser no dia 7, pelas 21 horas e a sala apresentou-se bastante preenchida por um público fiel e conhecedor. Marcaram presença várias entidades, desde logo, em representação do executivo municipal, o Vice-Presidente, João Manuel Farinha, e ainda o senhor Vereador Fernando Gorgulho, o Presidente da Assembleia Municipal, Dr. António Pratas, os Presidentes das Juntas de Freguesia de Aldeia da Mata e Gáfete, presenças habituais, e o Presidente da União de Freguesias, Joaquim Diogo. Como sempre, o senhor Provedor Mário Cruz e o Monsenhor Paulo Dias,voltaram a marcar presença assim como os representantes de mais uma ou outra associação cratense, bem como o Presidente do Lar de Nª Srª da Luz, um grande amigo da Banda – José Subtil (Zé Dias).

 

O concerto dividiu-se em duas partes. A Banda, que como é visível, tem vindo a perder músicos (e a saída de alguns poderia fazê-la perder qualidade), mas apesar desse handicap, a mesma parece apresentar-se cada vez melhor, tendo atuado com 39 elementos em palco. Não será estranho o crescimento visível da nova geração de músicos, que andam agora pela casa dos 14 anos, como são os jovens Francisco Cruz Batista, Henrique Fernandes, Afonso Fernandes, Daniela Dias, Bernardo Dias, João Ferreira, Gonçalo Alexandre, João Felizardo, João Marcelo e Tomás Santos, entre outros. Outro aspeto relevante prende-se com a enorme qualidade apresentada pelo setor da percussão, que apenas com três elementos, raramente terá estado em tão elevado nível. Por outro lado, a velha guarda continua em muito boa forma e a subida de qualidade de elementos jovens mas mais experientes como as jovens Ana Isabel Rei, Diana Anselmo, Tiago Raínho, Feliciano Marques e Miguel Dias, entre outros, são uma enorme mais-valia que fizeram com que a Banda não se ressentisse em demasia com a saída de outros elementos valorosos. É expectável que alguns ainda regressem e que mesmo antigos músicos o façam. A Direção e o maestro não têm poupado esforços nesse sentido. Neste concerto, o enorme “reforço” chamado Neves Costa (João Zé “Ervilha) também ajudou a melhorar substancialmente a Banda assim como a vinda do Tó Borrego, único músico cratense ainda no ativo nas bandas militares – Força Aérea, e dos amigos Gonçalo Heitor (Nisa), Luís Brazão e a esposa Ana (Elvas) e Ricardo Lopes (Portalegre). Por fim, a vinda há três meses, em definitivo, para o Crato do nosso extraordinário músico, Carlos Alberto Girão, e que fez com que o mesmo não falte a um ensaio da sua velhinha Filarmónica do Crato, tem ajudado a que a banda se eleve consideravelmente ao beneficiar da sua qualidade musical e do contágio que alastra a todos os outros com a sua disponibilidade e alegria com que faz as suas tarefas. A sua presença e incentivo nos ensaios bem como o brilho nos olhos com que assiste todos os dias ao evoluir dos jovens músicos, tem sido um enorme bálsamo para a Banda progredir e não se agarrar às dificuldades que surgem a toda a hora. Outro regresso ao Crato, que tem sido muito útil à Banda e que começa a ser cada vez mais imprescindível, é o ex-músico da Banda da Força Aérea, Domingos Augusto Faria Reis, que por necessidade da Banda, tem atuado no setor da percussão sendo que foi um flautista elevada qualidade, o que fez dele o solista em flauta e flautim da FAP durante três anos.

Quanto ao programa, a primeira parte foi mais sinfónica e a segunda teve um cariz mais ligeiro. O programa sinfónico teve uma qualidade elevada e a prestação da banda roçou o muito bom. O tema inicial, tocado há mais de 30 anos, de Miguel de Oliveira, de seu nome “Minho e Galiza”, fez reviver os Paso Dobles de concerto que se compunham antigamente e que são de elevada qualidade. Este tema existe no nosso arquivo (e muitos outros), depois de deixado pelo músico cratense Alberto Mósca, já falecido, que se radicou na Amadora, e que foi o responsável pela charanga do Campo Pequeno, em Lisboa. O mesmo despertou muitos sentimentos a vários músicos em palco e a muita gente do público. Mas o melhor estaria para vir e os temas seguintes foram excecionais dada a sua qualidade e a boa interpretação da Banda. São eles: Cycles e Miths, de Nuno Osório, tema de um português, lindíssimo e que oferece a audição se excelentes momentos solísticos, que estiveram a cargo dos nosso jovens trompista e de Francisco Cruz Batista, no saxofone, bem como Ana Rei na flauta ou mesmo Afonso Fernandes no trombone. Trata-se de um tema que a Banda tocou há cerca de meia dúzia de anos e que é grato aos músicos e que está a ser tocado com maior qualidade; Sedona, de Steve Reineke, uma estreia, e que só pelo nome do compositor é sinónimo de qualidade; e Pasadena, de Jacob de Haan, provavelmente o compositor mais tocado pela Filarmónica do Crato e por muitas outras bandas. Tratou-se de mais um belo tema deste enorme compositor holandês. Estes dois temas também saíram com muta qualidade e foi possível observarmos mais alguns solos de qualidade.

Ainda na primeira parte, a Direção da Banda surpreendeu todos os presentes ao homenagear dois músicos em palco que perfaziam nessa data 40 anos de atividade ininterrupta. Trata-se de Miguel Baptista e António Borrego. O segundo, deixou a Banda cedo e fez carreira na Banda da Força Aérea onde é um dos seus elementos mais experientes no posto de Sargento-Ajudante e que ultimamente tem tocado bastantes vezes com sua banda, que o viu nascer. O primeiro, tem tocado ininterruptamente na Filarmónica do Crato tendo-se estreado com 9 anos de idade a 8 de dezembro de 1976. Foram ainda lembrados os outros dois elementos que entraram para a Banda nessa data, sob a mão do maestro cratense, Arlindo Gorgulho, nomeadamente José António Belo, que é o atual Secretário da Direção e que foi o porta-voz da homenagem, e António Júlio Castelinho, que já teve dois filhos na Banda. Antes da entrega de uma placa simbólica mas muito bonita, o secretário falou um pouco sobre o percurso dos dois músicos. Da parte de Miguel Baptista explanou o facto de ser atual músico e dinamizador da Classe de Iniciação Musical da Banda e de já ter sido maestro em conjunto com Humberto Damas durante 7 anos, Presidente de Direção, Vice-Presidente da Direção e vogal do Conselho Fiscal. Foi também responsável pela Escola de Música e já foi Vice-Presidente da ALÈM Tejo MÚSICA em representação da Filarmónica do Crato e ainda em representação da mesma foi vogal e Vice-Presidente da Direção da Federação Distrital de Bandas Filarmónicas ocupando atualmente o cargo de Presidente da mesma no seu segundo mandato e tendo ainda funções na Confederação Musical Portuguesa. Depois da placa, António Borrego, fez questão de oferecer à Banda e aos colegas homenageados, um quadro com uma foto tirada no dia 8 de dezembro com os quatro elementos rodeados do seu maestro.

No intervalo do concerto, assistiu-se a uma pequena atuação dos pequenos alunos da Classe de Iniciação Musical, mas que já andam todos na Escola de Música a aprender um instrumento de sopro ou de percussão. Assim, os cerca de doze pequenos com idades entre os 7 e os 10 anos, mostraram as suas habilidades tocando alguns temas em flauta de bisel e concluindo com duas canções, uma de natal e outra dos anos 80. Os mesmos estiveram em bom plano, o que prova que foi uma aposta ganha pelo do músico Miguel Baptista e pela monitora Diana Anselmo.

A segunda parte trouxe três temas de António Charrinho, maestro e compositor nisense, e um Blocbuster – “A Máscara de Zorro”, com arranjo de John Moss. Quanto a esta conhecida peça, uma das que colocava mais receio ao maestro e aos músicos, até correu bastante bem e tem condições para ficar perfeita ao longo dos próximos meses. Quanto aos temas de António Charrinho, os mesmos têm sido tocados pela FISENA – Filarmónica Sénior do Norte Alentejano, composta na sua maioria por músicos séniores de Nisa e do Crato e são do agrado geral. Um deles é uma marcha original, em homenagem ao local onde o maestro cumpriu o seu serviço militar na Guiné – “Artilharia do Pelundo”; os outros dois são arranjos de temas de sucesso, um deles de música portuguesa – “O Pica do Sete”, de Miguel Araújo e interpretado por António Zambujo e o outro é um clássico dos anos 80, “Final Countdown”, de Joe Tempest, do grupo rock “Europe”. Logicamente que os temas foram bem interpretados e agradaram por serem conhecidos e orelhudos.

O concerto terminaria com o discurso de Filipe Belo, Presidente da Direção e com os habituais agradecimentos a todos os elementos e entidades merecedoras de tal. Estão de parabéns os músicos, o maestro e a Direção pelo trabalho efetuado ao longo de todo o ano, assim como os pais dos jovens músicos da Banda e da sua Escola de Música, e a Câmara Municipal e a União de Freguesias pelo apoio incondicional. Logicamente que, concerto de Nª srª da Conceição, não é festa da Padroeira sem que a Banda interprete o seu Hino em pé e com todo o público igualmente levantado em sinal de respeito e fé.

 

Deixar comentário