8 DE DEZEMBRO DE 2012 – DIA DE MULTI-EMOÇÕES
O dia da Imaculada Conceição, um dos mais aguardados do calendário da Filarmónica do Crato em 2012 foi bastante completo e emotivo. Desde logo, a banda lançou 5 novos executantes o que por si só é motivo de festa. Depois, participou na inauguração de algumas ruas e monumentos para além da tradicional procissão e do já muito aguardado concerto à noite. Pelo meio ficaram visitas e cumprimentos e a notícia do falecimento de um ex-músico.
Pelas nove da manhã a Filarmónica do Crato, bem composta como não se via desde a FAG, com 40 elementos, deslocou-se ao Pisão para receber nas suas fileiras mais dois jovens. A partir de hoje, só deste pequeno lugar da freguesia de Crato e Mártires passam a existir quatro elementos embora os dois primeiros não sejam tão assíduos como seria desejável. O primeiro elemento lançado foi o pequeno João Carona Felizardo, de 10 anos, a tocar trompa de harmonia (é o terceiro elemento da banda a tocar este belo instrumento).
(João Carona Felizardo)
O outro elemento, a única menina dos cinco novos músicos, chama-se Jéssica Pinheiro Bicho, de 9 anos que engrossa o extenso naipe de clarinetes, à semelhança do seu irmão Cláudio.
(Jéssica Pinheiro Bicho)
Posteriormente a comitiva voltou ao Crato e sempre ao som do hino de Nª Srª da Conceição deslocou-se à EN245, á saída do Crato para Alter, para receber o mais jovem músico que entra para as fileiras da banda dos últimos 63 anos, de seu nome Afonso Ramos Fernandes, que completou 8 anos a 31 de Outubro e que já dá uns toques muito interessantes no trombone de varas, quase maior do que ele. O Afonso deriva de uma família de músicos, o seu avô paterno, o saudoso Xico Póvoas (Francisco Fernandes) ainda tocou na Filarmónica e o seu pai (Ângelo Fernandes) foi um exímio requinta e clarinetista. Também os tios António João (vice-presidente da direção da banda) e Joel Fernandes por cá passaram muitos anos e o tio do lado materno, Rui Ramos (Ruca) é um destacado professor de música e violinista.
(Afonso Ramos Fernandes)
De seguida, a banda participou na cerimónia de inauguração da passagem da santa que estava há 48 anos à saída do Crato para Alter, em plena EN245, para junto do café da Modecral.
Depois, deslocámo-nos ao Passo d’Ametade (Bairro carvalho de Janeiro) para recebermos mais um jovem trompetista, de 9 anos, de seu nome João Santos Ferreira, irmão do habitual solista de trompete, Ricardo Ferreira.
(João Santos Ferreira)
Por fim, foi a vez de na Rua Melo Antunes, dar entrada mais um membro do “clã” Fernandes (ficam no lugar dos Saramagos e dos Gorgulhos), o Henrique Caetano Fernandes, de 10 anos, que toca bombardino e é filho do Vice-Presidente da banda.
(Henrique Caetano Fernandes)
(os 3 jovens do Crato)
A manhã continuou com a inauguração de duas ruas. A primeira, junto ao mercado municipal, homenageia (e bem) o Presidente Honorário da Filarmónica do Crato, José da Conceição Belo (Zé Foguete), falecido há 17 anos. A cerimónia foi muito bonita e emocionante e o discurso do senhor Presidente da Câmara salientou que se tratou de um Homem daqueles que já não se fazem. O breve percurso de vida lido por um dos filhos foi extremamente real e concreto traduzindo aquilo que o grande amigo da banda foi não deixando de salientar o seu amor à banda, primeiro como executante e depois como diretor, lembrando o seu importante papel na construção da atual sede, que permitiu que esta deixasse de andar sempre de mala às costas empurrada de vários locais. Certamente que muitos se recordarão do verão e outono de 1992 que provocou uma enormíssima seca no país e em especial no Crato. Não fora este homem e a população do Crato teria passado muita sede. Quem não se lembra da torneira que o Zé Foguete virou da sua propriedade do Codeçal para a via pública permitindo encher centenas de garrafões e outros reservatórios de água durante 24 horas àqueles que já não sabiam onde recorrer! Bem-haja, foi altruísta em toda a sua vida!
A outra rua foi em homenagem ao Dr. João Dias, junto ao Minipreço, a rua do Bairro da Cooperativa. Estava muita gente e o seu filho João, teceu belas palavras acerca da figura do pai. Como muito bem foi dito, o Dr. João Dias era um médico como já não há, ia a casa das pessoas, sempre que havia um acidente chegava antes dos bombeiros, foi bombeiro, foi Presidente da Assembleia Municipal, Diretor do Centro de Saúde do Crato e do Hospital distrital de Portalegre e tudo o que fez, fê-lo com zelo e dedicação ao próximo. Mais uma homenagem bem merecida desta terra que o recebeu de braços abertos e de que ele bastante
gostava. Foi ainda inaugurada mais uma placa junto à Escola Básica do Crato com o nome de Rua da Fonte do Crespo.
E a manhã aproximava-se do fim mas a arruada haveria de ter continuidade. A comitiva deslocou-se ao Convento de Santo António para a habitual saudação aos funcionários e utentes do Centro de Saúde e da Unidade de Acamados da Misericórdia. É sempre com muita alegria e melancolia que os mais necessitados ouvem os belos acordes do hino da padroeira. Felizmente, este ano o Centro de Saúde estava aberto e do alto das janelas estavam muitas pessoas com mobilidade reduzida a apanhar sol e a ouvir a banda.
(foto da visita ao Centro de Saúde e Unidade de Acamados)
Quem não estava para nos receber (pela primeira vez em perto de 40 anos) foi o amigo Alex (Alexandrino Carvalho), que se encontra a recuperar de uma cirurgia à coluna. Foi com enorme tristeza que não pudemos “matar o bicho” como é hábito. Esperamos, sinceramente, que o Alex ainda nos possa receber durante mais uns anos e que recupere desta delicada intervenção cirúrgica.
Em seguida, a comitiva foi ao Lar de Nª Srª da Conceição tendo encontrado os seus inúmeros utentes sentados a aguardar o almoço. Como sempre, tocou-se o Hino da Padroeira e foi possível conviver com muitos deles e observar algumas lagriminhas a escorrerem por algumas faces. Trata-se de um dia carregado de emoções para todos! A arruada e lançamento de novos músicos terminou sensivelmente às 12.30h depois de a banda ter tocado o hino à porta da residência do falecido diretor, Joaquim Morgado Dias e junto à residência do antigo músico Fernando Carvalho, que se encontra acamado mas extremamente lúcido.
DEZEMBRO – MÊS DE VÁRIOS ANIVERSÁRIOS
A Filarmónica do Crato desde sempre teve no dia 8 de Dezembro o dia mais importante da sua atividade anual e isso continua a verificar-se e inclusivamente ainda se aumentou a sua importância quando há perto de 25 anos (o auditório é de 1989) se começou a dar um concerto à noite alusivo à Padroeira do Crato e de Portugal. Certo é que o concerto hoje tem uma importância fulcral na atividade anual da banda sendo o momento de apresentação de novas peças, algumas delas trabalhadas ao longo de todo o ano.
Como data importante que era (e é), 8 de Dezembro era também o dia em que os vários maestros aproveitavam para lançar os novos executantes trabalhados na escola de música, espaço de inegabilíssima importância visto que dela saíram vários vultos da música portuguesa. O dia de Nossa senhora da Conceição passou a ser antecipado há cerca de 30 anos pelo maestro Edmundo Manaças que optou por começar a lançar os novos músicos no dia 1 de Dezembro como forma de os mesmos ao dia 8 já terem tido a primeira experiência com o toque de rua, que é completamente diferente do toque sentado na sala de ensaio; na rua tudo é muito mais difícil, ora temos de alinhar com os colegas do lado e com os da frente, temos de olhar para a pauta, temos de tocar e cansamo-nos muito mais, ou seja, são muitas operações ao mesmo tempo que só se executam bem após muita experiência.
Na realidade, sempre que a Escola de Música está mais ativa, os novos executantes também são lançados noutras datas, em especial no Domingo de Ramos, mas a época mais importante ainda é a de Dezembro. Em 2012 a Filarmónica lançou 5 pequenos executantes entre os 8 e os 10 anos, quatro são rapazes e uma é rapariga. Com estes 80% de rapazes, as raparigas ficaram um pouco mais aquém de se tornarem 50% da banda, mas lá chegarão…Os citados novos músicos em 2012 cumpriram à risca a velha tradição e foram lançados apenas no dia da Padroeira. Mas isto só aconteceu porque a Filarmónica do Crato participou nas comemorações nacionais do 1º de Dezembro de 2012 em Lisboa o que inviabilizou a saída dos jovens oito dias antes do dia da Padroeira.
O facto de os novos executantes terem sido muito jovens e de um deles ter completado apenas 8 anos em 31 de Outubro fez-nos acreditar que se tratava do elemento mais novo de sempre a entrar para as fileiras da banda. No entanto, a verdade é que o pequeno Afonso Fernandes será o segundo mais novo de sempre. O executante mais novo de sempre (que haja conhecimento porque já Amaro Rente no século XIX, filho de maestro, informa numa carta de 1953 que tocou na nossa banda entre os 8 e os 14 anos) saiu há 63 anos, em 08/12/1949, e toca atualmente com alguma regularidade na sua velhinha Filarmónica do crato. Na época, era filho do maestro, trata-se do excecional músico Carlos Alberto Girão Ferreira.
Contudo, como Carlos Alberto deixou o Crato bem cedo para cumprir a sua brilhante carreira na Banda da GNR e na Orquestra Sinfónica Nacional e na Orquestra da Gulbenkian, entre outros projetos, sempre tive a noção, por informação do antigo músico João Aurélio (que sabia muito da história da banda), que ele tinha sido o músico mais novo de sempre a entrar para a banda com 9 anos em 1931 e que em 1976, com 9 anos e apenas um mês, seria eu (Miguel Baptista) o mais novo. Desta forma o suposto recorde de João Aurélio durou 45 anos e o meu, batido pelo pequeno Afonso, durou 36 anos. Foi com normalidade que o velho executante da banda me deu esta informação que não era completamente realidade visto que o nosso estimado Carlos Alberto terá estado afastado da sua banda natal por muitas décadas por motivos de carreira profissional.
Importante é realçar que a Filarmónica do Crato e a sua escola de música cumprem bem o seu papel lançando executantes com muito tenra idade e o facto é que destes 3 exemplos os músicos em causa levaram em frente longas carreiras: Carlos Alberto tem 70 anos e já vai em 63, João Aurélio ainda chegou aos 70 anos de músico, Miguel Baptista, com 45 anos, já leva 36 de casa ininterruptos e, certamente, o jovem Afonso, se tudo correr bem, também leva jeitos de vir a ser músico por muito tempo, tal é a sua vontade e interesse.
Para além destes casos, destaca-se os 25 anos de carreira do nosso maestro Humberto Damas, cumpridos a 1 de Dezembro, dos 42 anos de João José Neves Costa e dos 48 de um dos colegas mais velhos, José Manuel Machado. Pelo meio, alguns jovens fizeram 7 anos de banda e outros cumpriram outros aniversários. Já agora, para finalizar, também a Direção sob a presidência de Filipe Belo faz 8 anos de atividade, ou seja, completa o seu 4º mandato (iniciou a 29/01/2005) encontrando-se em condições de ser reeleita por aclamação já no próximo mês de Janeiro de 2013 (julgo que era pertinente rever-se o regulamento interno da banda e aprovar o aumento dos mandatos de 2 para 3 anos).
Parabéns a todos e votos de muita longevidade a todos!
(Afonso Ramos Guerra Fernandes, 8 anos completados em 31/10/12)
FILARMÓNICA DO CRATO NAS COMEMORAÇÕES NACIONAIS DO 1º DE DEZEMBRO
A Filarmónica do Crato iniciou as comemorações do feriado de 1 de Dezembro como o faz habitualmente: às 9.00h da manhã procedeu a uma pequena arruada por algumas artérias do Crato e homenageou mais uma vez junto à sua residência (Casa Josebel) o seu Presidente Honorário, José Joaquim da Conceição Belo, falecido há precisamente 17 anos nesta data.
Seguidamente, a Filarmónica rumou a Lisboa para se integrar na Festa das Comemorações dos 372 anos do 1º de Dezembro de 1640 este ano exortado com pompa e circunstância por um movimento encabeçado pelo deputado Ribeiro e Castro na tentativa de que o feriado continue a manter-se na lista de feriados nacionais. Para tal, a iniciativa contou com a presença de 14 bandas de música que vieram um pouco de todo o país (uma por distrito) e ainda com um grupo coral alentejano de Aljustrel e os Toca a Rufar.
A Filarmónica do Crato, para aquecer o ambiente, através dos seus mais jovens executantes, abrilhantou momentaneamente alguns trechos musicais de elevada qualidade de forma espontânea nos jardins laterais da fechada Avenida da Liberdade deixando bastante agradado todo o público que por ali circulava. Diga-se de passagem que compareceram no local muitas pessoas do Crato.
Os outros representantes distritais mais próximos de nós foram do Retaxo, Coruche e Alcáçovas.
As bandas desfilaram pela Avenida da Liberdade até à Praça dos Restauradores dando um enorme colorido e animação à capital ajudando a vencer o imenso frio que se fazia sentir. Certamente que há muito Lisboa não era visitada por tanta banda ao mesmo tempo. O certame culminou junto ao monumento aos Restauradores na presença de vários Presidentes de Câmara e Vereadores, entre os quais o Dr. António Costa, por Lisboa e os restantes representando os municípios de cada distrito aderentes. Como é óbvio, por Portalegre esteve representado o Crato com a Filarmónica e o Vice-Presidente, Dr. Fernando Gorgulho. Esteva ainda representada a Presidência da República através do General Rocha Vieira, antigo Governador de Macau. Governantes, nem vê-los, o que não é de espantar!
O desfile das Bandas foi marcante e a representante do nosso distrito, apesar de não se ter apresentado na máxima força, foi uma digna representante e a cerimónia nos Restauradores foi no mínimo marcante e arrepiante com o ecoar dos acordes dos três hinos mais emblemáticos do nosso país: o Hino da Restauração da Independência de 1640, o Hino da Maria da Fonte e a Portuguesa, tocados ao mesmo por 700 instrumentistas de 14 bandas. O representante do Baixo Alentejo, um Coral de Cante Alentejano do concelho de Aljustrel, esteve irrepreensível ao interpretar a Maria da Fonte e o Hino 1º de Dezembro.
Enfim, o distrito de Portalegre esteve presente num evento que diz muito à nossa história que deve ser preservada e exacerbada sob pena de não termos futuro escondendo o passado. Por exemplo, o Crato está por estes dias a comemorar os 350 anos da resistência às tropas do príncipe espanhol, D. João d’ Áustria, que após 3 dias de cerco e resistência, arrasou a sede da Ordem de Malta e dos Hospitalários em 1662, no epicentro das Guerras da Restauração. Do discurso de Ribeiro e Castro, mesmo contra a sua corrente política e a maioria, há a retirar que a extinção do feriado de 1 de Dezembro, é apenas uma questão de ciclo político acreditando que noutro ciclo este feriado seja de imediato reposto de onde nunca deveria ter sido tirado.
Por fim, a Filarmónica do Crato teve um merecido jantar oferecido pelo município cratense num conhecido restaurante do Porto Alto. No mesmo deixou mais uma vez a sua marca animando um jantar de um grupo de cerca de 70 pessoas que pediram para que lhes tocassem algumas músicas. O ambiente esteve ao rubro e os locais ficaram bastante encantados e surpreendidos com a qualidade musical e a boa disposição reinante nesta “jovem” Filarmónica de 168 anos. A banda deslocou-se no excelente autocarro do município de Nisa que colaborou com o do Crato nesta iniciativa.
PROCISSÃO E CONCERTO DE 8 DE DEZEMBRO
A Procissão em honra de Nª Srª da Conceição, por ser em Sábado, teve bastante afluência e a novidade da cavalaria da GNR emprestou-lhe enorme solenidade. A Filarmónica do Crato apresentou-se novamente com 40 executantes e esteve em bom plano.
À noite, com o renovado auditório da Filarmónica do Crato bastante cheio, decorreu mais um belo concerto. A sala beneficiou com a retirada do palco e da carpete da parede tendo sido colocada corticite no espaço da mesma. A sonoridade está melhor e o espaço mais amplo e airoso. As obras foram suportadas pela Banda e contaram com o preciosíssimo apoio em mão-de-obra por parte da Junta de Freguesia de Crato e Mártires que cedendo o excelente funcionário Roberto foi imprescindível para que o espaço estivesse pronto atempadamente.
O concerto foi de bom nível e a Filarmónica do Crato apresentou-se com 53 músicos. Já houve concertos de maior excelência mas o reportório deste ano era complexo e com algum grau de dificuldade acrescida em especial as quatro primeiras peças. Este ano também foi mais difícil ensaiar os temas com todos os executantes juntos, muitos deles, por várias razões, aparecem apenas perto do dia do concerto ou mesmo na véspera. Como já referi, os primeiros temas são de inegável qualidade. “Pacis Valley” é uma excelente obra; “Music” de John Miles é soberba e possui um compasso de 7/4 bastante complicado de cumprir e fora do alcance de todas as bandas e maestros; The Magic of Andrew Lloyd Webber encarna Jesus Cristo Superstar, Don’t Cry for me Argentina, Memory, o Fantasma da Ópera e outros temas de um dos maiores
compositores mundiais do século XX tratando-se de uma peça muito melindrosa e bela, cheia de pormenores e de uma orquestração primorosa repleta de solos e intervenções de relevo de muitos instrumentos; e Pearl Harbour, do filme com o mesmo nome, faz-nos “observar” as imagens pesadas do massacre perpetrado pelos japoneses à importante base americana do Pacífico (Havai), que ditou a entrada dos EUA na IIª Guerra Mundial e a consequente represália que consistiu no lançamento das duas bombas atómicas sobre Nagasaki e Hiroshima. Só por estes temas se pode verificar que a nossa Filarmónica já não é uma associação que toca coisas simples, já há um programa bastante clássico e mais sofisticado. Os restantes temas, de menor qualidade mas ainda assim de bom nível, excepção ao último, de seu nome “God Save the Queen”, do compositor português Carlos Marques, que é sempre ouvido e aplaudido com prazer, provavelmente foram os de maior agrado para o público visto quer são mais mexidos e populares. Toda a gente gosta de ouvir uma boa rapsódia portuguesa com fados de Coimbra, isso foi possível com “Sonhos de Portugal”, que já fora tocada pela nossa banda nos princípios da década passada bem como o famoso tema de Boney M., “Boney M. Super Hits”, que até faz parte de um CD da Banda. Quanto ao tema “Xutos Medley”, que também já foi tocado uma ou duas vezes pela nossa banda, ainda não foi desta que se conseguiu ensaiar em condições ficando a aguardar mais umas semanas, daí que tenha surgido o tema alusivo aos Queen.
Próximo do final do concerto o Presidente da Direção, Filipe Belo, que se encontra a terminar o seu quarto mandato consecutivo e que está em condições para muitos mais (graças a Deus e que tenha muita saúde), teve uma intervenção de elevado nível fazendo ver a todos os presentes a importância de terem os seus filhos e netos na escola de música da nossa banda onde estão em segurança e aprendem algo que lhes
valoriza o intelecto e pode vir a proporcionar mais-valias futuras. Agradeceu os apoios fundamentais da Câmara Municipal do Crato e da Junta de Freguesia de Crato e Mártires, apresentou os cinco novos elementos da banda e ainda homenageou o maestro Humberto Damas que cumpriu no passado dia 1 de dezembro 25 anos de Banda assim como o elemento mais sénior em palco, Carlos Alberto Girão Ferreira, que naquela noite cumpria 63 anos de músico sendo que terá sido o elemento mais novo de sempre a entrar para as fileiras da banda com apenas sete anos, ou não fosse filho do maestro que cá estava em 1949, o maestro Ferreira. E a sua intervenção culminou com uma homenagem ao antigo executante da banda, que fez parte da mesma durante cerca de 50 anos, o senhor Júlio Custódio Reis, que faleceu às primeiras horas de 8 de Dezembro, quase com 82 anos de idade. A sala, por unanimidade, levantou-se e aplaudiu o homenageado durante um bom minuto com palmas bem sentidas e carregadas de emoção.
O concerto terminou com a solenidade habitual do Hino da Padroeira interpretado em pé e com o público igualmente todo levantado. Enfim, mais uma jornada de excelente divulgação da música filarmónica e de levantamento do astral dos cratenses por terem na sua terra uma associação como esta que lhes oferece bons momentos e eleva e leva o nome do Crato a todos os cantos de Portugal. Basta lembrarmo-nos que na última edição da FAG, a Filarmónica do Crato foi considerada pela rádio Comercial como tendo prestado um dos melhores concertos da primeira noite!
E em termos de concertos na noite de 8 de Dezembro, aproximamo-nos do 25º, a sala nasceu em 1989 e a tradição começou nesse ano pelo que em 2013 chegaremos ao
impressionante número das bodas de prata embora os 25 anos completos só aconteçam em 2014.
A festa terminou com um beberete oferecido pelos familiares dos cinco novos elementos. A mesa estava excecional e imperou a qualidade e a fartura. Bem-hajam a todos e felicidades a todos os jovens e familiares e que todos se mantenham no seio da Filarmónica do Crato por muitos e muitos anos.
FALECEU O MÚSICO JÚLIO CUSTÓDIO REIS
Júlio Custódio Reis faleceu no Crato ao início do dia 8 de Dezembro quando à saída da ambulância que o trazia de volta a casa após uma incursão às urgências de Portalegre, se sentiu mal e desfaleceu nos braços de um bombeiro. O mestre Júlio, como era conhecido na Banda, estava a lutar com um problema cancerígeno de há uns meses a esta parte e estava a resistir ao mesmo, mas desta vez, foi o coração que o traiu após várias intervenções cirúrgicas a que foi sujeito nos últimos tempos. O coração já o havia traído há pouco mais de um ano tendo de ser operado. Júlio Reis foi um homem bastante saudável até cerca dos 80 anos e todos os dias fazia grande exercício na sua horta. Iria fazer 82 anos em breve.
Quis o destino que viesse a falecer num dos dias que mais adorava desde os tempos em que era músico da Filarmónica do Crato, a menina dos seus olhos durante perto de 50 anos. Pelo que sei, o Mestre Júlio entrou para a banda na década de 40 e por cá se manteve até à idade em que se reformou da Fundição do Crato, já lá vão um pouco mais de 20 anos. Completou na banda 4 décadas como clarinetista e era homem de nunca faltar a serviços nem ensaios. Era cordial, amigo e gostava muito de se divertir. Sempre que em qualquer serviço os músicos se juntavam a tocar em charanga para animar as festas, o Mestre Júlio era dos primeiros a pegar nos pratos e a colaborar tocando e até cantando. Adorava estes momentos! Vivia as festas como ninguém! Ao lado da sua companheira de vida, a D. Odete Faria, faziam um casal bonito e apaixonado desde sempre. Na década de 80 gravaram muitos concertos da banda num simples gravador, ainda hoje devem ter lá por casa muito material interessante…O casal teve também um papel importante quando eram contínuos da Sociedade Artística Cratense e a Banda estava por lá sedeada.
A Filarmónica do Crato e o seu estandarte estiveram de luto no dia 8 de Dezembro e o seu nome foi comovidamente aplaudido no concerto dessa noite após umas breves palavras do Presidente da Filarmónica do crato no final do concerto. Na manhã de 9 de Dezembro, o Presidente e o Vice-Presidente da Direção bem como o músico Miguel Baptista, devidamente fardado, que levava o estandarte da Banda, acompanharam mais este ícone da banda do século XX ao seu merecido descanso. No funeral marcaram ainda presença vários músicos da Banda da força Aérea.
À D. Odete e aos filhos Júlio e Domingos Reis, dois ex-grandes músicos da Banda da Força Aérea Portuguesa, e às noras e netos, a Filarmónica do Crato deseja as mais sinceras condolências e exorta as qualidades do amigo Júlio agradecendo de forma penhorada os muitos e bons anos que o mesmo dedicou de forma apaixonada o seu tempo e carinho a esta nobre causa.