O Concerto da Filarmónica do Crato em honra de Nª Srª da Conceição é já um ponto de encontro e não necessita de grandes divulgações. O primeiro terá sido ainda no tempo do saudoso Padre Belo como Presidente da Câmara Municipal do Crato, ou seja, há mais de 30 anos. Nos tempos mais recentes, a Filarmónica do Crato sentiu necessidade de o antecipar (e bem porque dá mais jeito a todos) para a noite do dia anterior (7 de dezembro). E pelo terceiro ano consecutivo, a comunidade cratense respondeu positivamente comparecendo em excelente número. Este ano a Banda apresentou algumas novidades, ou melhor, surpresas, que deixaram a maioria dos presentes encantados. Assim, o público foi brindado com uma atuação dos pequenos futuros músicos pertencentes à IIIª Classe de Iniciação Musical, todas elas levadas a cabo pelo ex-maestro e sempre músico, Prof. Miguel Baptista, que fez questão de dizer que sempre que um dos seus filhos está em idade de aprender música, toma as rédeas deste projeto. A verdade é que das anteriores classes saíram muitos elementos que hoje são pilares da Banda e seguiram um trajeto ascensional de aprendizagem. O responsável foi apoiado pelos músicos Diana Anselmo e Feliciano Marques e todos trabalham de forma graciosa e desinteressada, apenas os move a ajuda à Banda e a possibilidade de lhe fornecerem novos aprendizes para a Escola de Música que, de momento, está quase sem elementos embora tenha entrado muita gente para a Banda nos últimos anos. Porém, neste tipo de associações, nunca se pode “dormir à sombra da bananeira” e dois ou três anos sem novos músicos é caótico. Os 14 petizes, todos entre os 6 e os 8 anos, apresentaram um interessante tema em flauta de bisel e entoaram um lindo cântico de natal com letra muito sugestiva. Refira-se que este grupo trabalha 45 minutos por semana (às sextas-feiras) e só iniciou a atividade nos princípios de outubro pelo que apenas tinha trabalhado 8 ou 9 semanas.
Outra das novidades, ocorreu no intervalo do concerto maior, o da Banda, com a apresentação da orquestra juvenil da Filarmónica. Este projeto foi muito agradável e os elementos que nele participaram demonstraram claramente que a nossa Banda tem o futuro assegurado, com jovens de muita qualidade em cada um dos naipes fundamentais de uma Banda. O reportório praticado foi interessante e saiu muito bem, com temas oriundos da FINA e outros do reportório da Banda. Há que dar mérito ao trabalho do monitor Rafael Vivas e ao maestro Humberto Damas, bem como à Direção. Este projeto tem pernas para andar e deve ser fortalecido ainda por mais músicos.
Quanto ao concerto da Banda, sobre esse, novidade seria dizer que não foi bom! Apesar do maestro e de muitos músicos terem o receio antecipado de que este ano as coisas não iriam correr ao nível daquilo a que se tem habituado o público, a verdade é que o concerto correu de forma bastante positiva tendo suplantado as melhores expetativas dos praticantes. Na realidade, é cada vez mais difícil a Banda ensaiar com muitos músicos…há um afastamento latente de alguns executantes e outros que por razões de trabalho e de estudos superiores, não podem dar o seu melhor contributo. Inclusivamente, a Banda tem recorrido ao apoio de alguns músicos amigos que têm ajudado a suprimir algumas lacunas, em especial no naipe de trombones, com os colegas Ricardo Godinho (Galveias) e Gonçalo Heitor (Nisa). Em potência a nossa Banda tem um naipe de trombones de enorme futuro mas ainda são todos muito jovens. Também já tem comparecido aos nossos concertos o antigo maestro da Banda de Elvas, o enfermeiro Luís Brazão, que nos tem apoiado em saxofone alto.
Outra nota do concerto foi a apresentação dos dois novos músicos, em estreia na Banda. Tratou-se do jovem Tomás Santos, em tuba; e João Marcelo, em trombone.
O concerto teve 50 músicos em palco com uma primeira parte de qualidade onde se apresentou como tema de abertura “Amsterdam Harbour”, uma peça rebuscada no arquivo da Banda, tocado no tempo do maestro Edmundo Manaças e que terá sido trazido da Banda da Força Aérea pelo saudoso Francisco Pedrosa. Seguiu-se um tema popular com músicas de José Cid – José Cid Medley, com arranjo de David Correia, que foi do agrado dos presentes mas que ainda necessita de uns retoques. Entretanto, surgiu um tema de enorme execução técnica e tocado com muita rapidez, que deixou o público muito encantado e espantado pelas execuções de vários solistas. Trata-se do tema Natum 1834, que já é um clássico do conhecido compositor português, Carlos Marques. E a primeira parte encerrou com o tema Eté 42, com arranjo de Alain Crepin, alusivo aos tempos da IIª Guerra Mundial. Tratou-se de um tema bonito e bem interpretado e que foi dirigido pelo monitor Rafael Vivas, tendo o maestro Humberto Damas interpretado a parte de bombardino, evidenciando toda a sua qualidade e versatilidade.
A segunda parte foi ainda melhor e em crescendo. Principiou com um tema oriundo do arquivo, de seu nome “Comendador”, de Amilcar Morais, marcha de concerto que era muito do agrado do maestro Edmundo Manaças e que é de execução e qualidade superior. De seguida, o público agradou-se dos dois temas do sempre tocado Jacob de Haan – “La Storia” e “SA Musica”, ambos de enorme qualidade e agradáveis de tocar e de ouvir. A Filarmónica já interpretou tantos temas deste autor, todos eles de enorme qualidade, que já daria para fazer dois ou três concertos alusivos ao mesmo. Já foi feito uma vez, mas há espaço para mais… E a noite terminaria em apoteose com “Uma noite em Lisboa”, de Álvaro Reis, que deixou o público a vibrar com a boa música portuguesa, muito bem interpretada pela Filarmónica do Crato e com pai filho como solistas (Francisco Baptista e Francisco Baptista junior). Esta peça já foi tocada em três ou quatro localidades mas a estreia no Crato acabou por ser apenas neste concerto (estava no programa do concerto da rota dos coretos de agosto, que foi interrompido no início devido à chuva).
Marcaram presença todas as principais entidades locais como sejam o senhor Presidente da Câmara, Dr. José Correia da Luz, e o seu Vice, João Manuel Farinha, assim como o vereador Fernando Gorgulho. Pelas Juntas de Freguesia estiveram Joaquim Diogo pelo Crato e por Aldeia da Mata, Hélder Serra. Os dois párocos (habitués), Paulo e Rui, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia (outro habitué), o Presidente do Lar de Nª Srª da Luz, um grande amigo da Banda, José Subtil (Dias), o Diretor do Agrupamento de Escolas, José Ruas, e representantes de várias associações e coletividades e muito público.
O concerto teve ainda os habituais discursos onde o Presidente da Direção, Filipe Lopes (Belo), explanou todo o trabalho da Filarmónica e agradeceu os apoios sem os quais não era possível continuar a manter e a engrandecer a embaixadora do Crato. Em seguida ofereceu a palavra ao senhor Presidente da Câmara, que como sempre, tece considerações muito interessantes e sentidas sobre a nossa Filarmónica. E houve ainda um momento em que o Presidente da Banda pediu para se apresentarem um trombone e um saxofone novos, ofertados pela União de Freguesias e pelo município. Os dois instrumentos foram para dois jovens músicos, um deles em estreia na banda (trombone) e o outro foi para Francisco Cruz Batista. O seu tio, Miguel Baptista, apresentou também um clarinete adquirido pela Banda em meados de agosto e que terá sido comprado com um pequeno apoio da Federação de Bandas que premiou a Filarmónica do Crato por ter sido a sua filiada que compareceu com maior número de elementos às suas atividades no ano de 2014 (já em 2015 também foi a nossa Banda a que maior apoio deu).
Refira-se que voltou a marcar presença o famoso músico Carlos Alberto Girão Ferreira, que em 2015 terá feito muitos serviços com a sua banda natal. Só lhe falta arranjar uma casinha no Crato para passar a ajudar ainda mais…Também nos acompanhou, na plateia, o músico militar da Banda da Força Aérea na reserva, Júlio Reis, que manifestou o seu regozijo pelo trabalho evidenciado pela Banda e a qualidade do pequeno saxofonista (Francisco Baptista), que o fez recordar o seu início na Banda nos primeiros anos da década de 70 do século passado
O evento culminou, como sempre, com a audição do belo hino da padroeira, tocado em pé e com o público igualmente levantado a entoar os seus acordes e letra. A apresentação esteve a cargo do jovem percussionista, João Marques, que voltou a estar em bom plano.
Mais um ano, mais um sucesso!
Viva a Filarmónica do Crato! Viva o Crato!
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