FILARMÓNICA DO CRATO NAS COMEMORAÇÕES DO 1º DE DEZEMBRO EM LISBOA
A “velhinha “ Filarmónica do Crato será pela segunda vez consecutiva a representante do distrito de Portalegre no desfile nacional de bandas filarmónicas organizado pelo Movimento 1º de Dezembro (M1D) e a Câmara Municipal de Lisboa, encabeçado pelo deputado José Ribeiro e Castro. Este movimento contestatário nasceu após o anúncio da extinção do feriado nacional que marca a vitória dos portugueses contra os espanhóis e o seu domínio de 60 anos, entre 1580 e 1640. Infelizmente, a data da Restauração da Independência de 1640 deixou de ser feriado mas como ainda não coincidiu com um dia de semana (nos Santos já deu para sentirmos o atentado), alguns ainda não deram por isso.
A Filarmónica do Crato participará no desfile (cerca das 15h) acompanhada de bandas de todos os distritos do país e de alguns grupos corais. O desfile será da Avenida da Liberdade aos Restauradores. Na Praça alusiva à Restauração ouvir-se-ão as 18 bandas interpretando conjuntamente os hinos Nacional, da Restauração e da Maria da Fonte. O momento será apoteótico!
Este ano o evento terá cobertura direta da RTP.
A Filarmónica do Crato deslocar-se-á mais uma vez graças a um forte apoio do município do Crato (transporte e alimentação).
8 DE DEZEMBRO DE 2013 – ARRUADA E LANÇAMENTO DE 2 NOVOS MÚSICOS
A tradicional arruada de Nossa Senhora da Conceição este ano teve dupla finalidade. Primeiro, a sua principal missão: a arruada de cumprimentos à população e a algumas instituições; em segundo lugar, a Direção e o maestro aproveitaram a data para se cumprir a habitual cerimónia de entrada de novos executantes. E a manhã começou precisamente com uma deslocação a Vale do Peso, à maior rua do concelho do crato – a Rua do Apeadeiro, onde a jovem Madalena Miranda reside. Feita a habitual tradição de entrega da jovem à banda por parte dos pais e do toque da música “Parabéns”, a Madalena passou a integrar oficialmente a Banda como flautista apesar de já ter tocado no concerto da véspera e de ter marcado presença a 1 de dezembro em Lisboa apenas para transportar a placa com o nome da Filarmónica do Crato. A deslocação a Vale do Peso foi no novo autocarro municipal.
Em seguida a banda veio para o Crato e arruou até ao Bairro do Codeço onde tinha como missão ir prestar homenagem aos idosos que se encontram na UAI da Santa casa da Misericórdia, em especial ao seu utente Alexandrino das Neves Carvalho. Esta visita foi tratada com todo o cuidado a pedido de alguns músicos mais velhos que não esquecem esta figura do Crato, este grande amigo da Banda. Alexandrino Carvalho foi um homem muito importante para a reativação que a Banda teve nos finais dos anos sessenta e princípios de setenta, que como é sabido, a banda tocava mas estava um pouco desorganizada e sem Diretores e o Alex foi um dos carolas que colocou mãos à obra para que a Banda tivesse as condições que tem hoje, passados pouco mais de 40 anos. Por outro lado, o Alex fez questão de receber a “sua” Filarmónica do Crato em sua casa durante 35 anos ininterruptos nesta manhã alusiva à padroeira, que tanto venera mais a sua esposa Narcisa Damas, a quem agradecemos ter permitido visitarmos o marido na UAI visto existir algum receio por uma emoção como esta ser prejudicial à saúde do Alex. Infelizmente, este ano foi o segundo em que, por razões de saúde este nosso grande amigo não nos pôde receber na sua garagem, mas fica a memória e o desejo de que isso ainda possa vir a acontecer. Foi, com certeza, um momento bastante emocionante para os visitantes e visitado, que foi surpreendido.
Dando continuidade à arruada a Banda foi até à Rua da Sobreira para receber o pequeno Bernardo Dias (Pinó) junto à sua residência. Na mesma, a estava a sua família mais direta e alguns vizinhos que estavam muito orgulhosos daquela famosa rua do Crato voltar a fornecer elementos para a Banda. Como já foi dito, o Bernardo, tem 11 anos e executa trompete. Em breve, também a sua irmã gémea irá fazer parte dos nossos quadros.
A arruada prosseguiu e houve ainda tempo para mais uma passagem pelo Lar de Nª Srª da Conceição, instituição onde a Banda também já vai há uns anos e que é sempre um momento muito emotivo para os utentes do Lar. Para nós, músicos, trata-se também de um momento marcante ao vermos a alegria nalguns rostos bem conhecidos que julgávamos que já não estão entre nós, ou a emoção noutras faces recordando dias mais felizes de outros tempos à volta da família. Enfim, trata-se de um serviço que instituições como a nossa devem promover mais vezes e não apenas uma vez por ano.
A manhã aproximava-se do seu fim com a Banda a tocar o Hino de Nossa Senhora da Conceição à porta dos falecidos diretores Joaquim Morgado e José Joaquim da Conceição Lopes (Zé Foguete) bem como do antigo músico Fernando Carvalho, que se encontra acamado há vários anos na sua residência ali nas vizinhanças da sede da Banda. No caso da homenagem ao Presidente honorário, essa costuma ser a 1 de dezembro, contudo este ano e no ano transato, a Banda marcou presença em Lisboa nas comemorações do extinto feriado e não foi possível fazê-lo na data do aniversário do seu falecimento, precisamente 01/12/1995.
CONCERTO DE Nª SRª DA CONCEIÇÃO
O Concerto da Filarmónica do Crato em honra de Nª Srª da Conceição é desde há muitos anos um dos maiores acontecimentos do Crato e da Filarmónica. Este ano, realizou-se pela primeira vez na véspera do dia 8 de dezembro. E até foi consensual, mas a Direção fez questão de explicar a oportunidade da data, a qual se prendia com o facto de a 7 de dezembro à noite, toda a gente poder assistir ao concerto e sabemos que nesta quadra nos visitam muitos cratenses da diáspora lisboeta que, poucas vezes podem assistir ao mesmo porque coincide quase sempre com a véspera de um dia útil e todos têm de regressar atempadamente às suas localidades; outro motivo trata-se dos músicos universitários que teriam o mesmo problema e, por fim, porque para a Banda é mais fácil repartir a atividade do dia 8, que como é sabido, divide-se em 3 partes: manhã com arruada grande, tarde com procissão e noite com concerto. Ora, como é evidente, com tudo no mesmo dia, à noite, os músicos já estão muito cansados e com menor capacidade e discernimento.
Assim sendo, estava tudo preparado para que o concerto que já se realiza há mais de 30 anos corresse da melhor forma . E assim foi, a Filarmónica do Crato voltou a encantar e mesmo a espantar. É certo e sabido que ao longo do ano a maioria dos temas apresentados vai melhorar, mas a qualidade média do trabalho evidenciado foi bastante satisfatória. Marcaram presença todas as principais entidades locais como sejam o novo Presidente de Câmara, Dr. José Correia da Luz, e os restantes quatro vereadores, o novo Presidente da União de Freguesias, os dois párocos, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia e representantes de várias associações e coletividades e, muito público. Para além do facto da escolha do sábado poder proporcionar mais espetadores (apesar de algumas pessoas não se terem apercebido desta mudança e pensarem que o concerto era no domingo), o facto de a Filarmónica ir estrear a sua Banda Infanto-Juvenil trouxe mais público visto que os pais e familiares dos vinte e seis elementos da mesma também quiseram ver os dotes dos seus pequenos e futuros músicos.
Este concerto serviu ainda para a Banda lançar mais dois produtos da sua Escola de Música. Desta vez foram um menino e uma menina, ambos com 11 anos, e que irão reforçar o naipe de flautas e trompetes. Tratam-se da Madalena Miranda e do Bernardo Dias. Refira-se que a Madalena reside em Vale do Peso e é irmã da contrabaixista Ana Miranda. Mal podemos esperar pela Páscoa de 2014 para assistirmos à entrada de mais 6 ou 7 novos elementos.
O concerto teve ainda os habituais discursos onde o Presidente da Direção, Filipe Lopes (Belo), explanou todo o trabalho da Filarmónica e agradeceu os apoios sem os quais não era possível continuar a manter e a engrandecer a embaixadora do Crato. Interveio ainda o Sr. Presidente da Câmara com um excelente discurso, ao seu nível, onde evocou os momentos e as personagens mais históricas do Crato tendo colocado (e muito bem) a velhinha Filarmónica do Crato, que pode comemorar 170 anos durante 2014, no lote das figuras mais bem-sucedidas do concelho e que muito honram todos os munícipes.
O concerto contou com 46 músicos, ainda assim, fez-se sentir a falta de alguns elementos importantes (ainda terão faltado 14 elementos), mas os que marcaram presença não defraudaram, pelo contrário. Contudo, o maestro não conseguiu que alguns elementos estruturantes da Banda tivessem cumprido o número de ensaios desejado pelo que os mesmos não tinham um conhecimento exaustivo dos temas a tocar. O concerto deste ano foi uma excelente homenagem à música e aos compositores portugueses, apenas o tema de abertura, de grau difícil, não era nacional – Pirates of the Caribbean, da famosa saga de filmes Pirata das Caraíbas.
O segundo tema, com duração de cerca de 20 minutos, foi do agrado do público, trata-se de uma “velha” rapsódia ou medley de seu nome 3ª Miscelânea Musical, de Raúl Morais Franco, onde se faz uma travessia dos temas mais famosos dos anos 30 e dos fados de Coimbra. É uma peça antiga, do agrado de todos os músicos e possui uma excelente qualidade ao nível da composição/harmonização. Os muitos solos são do agrado do público e o experiente Francisco Baptista fez correr algumas lágrimas nas faces dos mais séniores, o qual exortou lembranças do passado em que este tema era muito interpretado sendo os trompetistas desse tempo os saudosos Alberto Roma ou Francisco Pedrosa (Xico Pandorga).
O último tema da primeira parte colocou algum público a cantarolar a “Ternura dos 40”, tema que não poderia deixar de fazer parte do “Paco Bandeira Medley”, de David Correia.
O intervalo da Banda era o momento mais aguardado e foi passado com o público preso ao espetáculo. Foi o momento dos 26 elementos da Banda Infanto-Juvenil apresentarem o seu trabalho dos últimos 2 meses. Interpretaram 2 temas muito interessantes onde a música parece um tema de adultos mas onde não são tocadas mais de 6 ou 7 notas musicais. Um dos temas era alusivo ao natal. Os jovens estiveram em muito bom plano, conscientes do seu trabalho, atentos e resolutos. Mostraram que há ali muita qualidade e futuro. Refira-se que esta Banda é constituída por 7 elementos que já fazem parte da Banda sénior, contudo, nenhum deles toca há mais de um ano.
A constituição desta banda vai desde jovens de 8 anos até aos 14 ou 15 e é interessante que apareceram jovens mais velhos que se encontram a interpretar instrumentos para os quais é sempre muito difícil encontrar novos valores. E neste momento, é possível termos na forja elementos a tocar instrumentos grandes e pesados como a tuba, o saxofone barítono, o saxofone tenor, o bombardino e o trombone, ou seja, os jovens não se ficaram pelos tradicionais clarinetes, saxofones, trompetes ou flautas. É importante salientar que esta Banda de jovens é dirigida pelos monitores Rafael Vivas e Ana Rei sob a supervisão do maestro Humberto Damas. Este projeto irá integrar-se na FINA – Filarmónica Infantil do Norte Alentejano, mais um projeto da Federação de Bandas de Portalegre, que irá realizar no Crato o primeiro ensaio distrital ainda neste mês.
O concerto continuou, agora com a Banda sénior. A marcha “Cidade Invicta” de Amílcar Morais cai sempre bem em qualquer lado e foi o tema que a nossa Banda interpretou no dia 1 de dezembro na Praça dos Restauradores, em Lisboa, em direto para a RTP1.
Depois, a Filarmónica fez mais uma estreia: o tema “Bali”, um original de David Correia homenageando a ilha indonésia do mesmo nome e estreou mais um maestro, o jovem Rafael Vivas, excelente intértepre de bombardino que cumpriu a formação de Monitores de Bandas Juvenis recentemente levada a cabo pela FBFDP. E a peça correu bastante bem sendo que apesar de não ser de execução difícil, trouxe sempre muitos problemas nos ensaios. Os solistas estiveram à altura – Francisco Baptista no trompete e Diana Anselmo e José Manuel Machado em saxofone tenor. O maestro Humberto Damas neste tema tocou bombardino, o que demonstra a sua qualidade e versatilidade dado que é clarinetista de formação.
Um dos temas de maior agrado e que mais se via a ser cantado pelo público presente, revisitando os anos 80, foi o “Medley Doce”. A peça exorta as melhores canções do célebre quarteto feminino que encantou Portugal e é da autoria de mais um jovem e talentoso compositor nacional – Lino Guerreiro.
O concerto terminou em beleza com mais uma marcha portuguesa de enorme qualidade – “Amores de Pedrógão”, da autoria do compositor António Lourenço, compositor da marcha “Tomar Saúda o Crato. Este tema foi rebuscado no arquivo da Filarmónica, que já conta com mais de 1000 registos e era muito tocado nos anos 70 aquando da passagem pela Banda do maestro cratense, Arlindo Gorgulho. O maestro Humberto reparou o tema passando-o para computador e imprimiu novos papéis, o que facilitou grandemente a leitura a todos os músicos. Refira-se que dos músicos presentes no concerto, à beira de 2014, apenas dois dos seus músicos tinham tocado este tema: José Manuel Machado e Miguel Baptista.
O certame culminou com a audição do lindo hino da padroeira, tocado em pé e com o público igualmente levantado a entoar os seus acordes e letra.
Mais um ano, mais um sucesso!
Viva a Filarmónica do Crato! Viva o município do Crato!
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